O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 30 de abril de 2008


os desenhos de ilda david, ou as nuvens de ilda david, têm em si mesmos uma forma delicada de ser, não nos causam estranheza, apenas um pouco de saudade, e o que em nós fica, por meio de uma queda sensível, é uma agradável sensação, mas não uma imobilidade, é uma enorme vontade de voltar, de saber do caminho de volta, de participar naquela leveza, que mais parece um sonho, transparecendo, ou um movimento, talvez subindo. eis o paradoxo, cuja finalidade não cesso de procurar, isto é, onde, ou quando, e como, podemos nós, ter corpo, ou deixar de o ter, sem cair, ou desaparecer - enfim no espaço, ou por fim no tempo.

2 comentários:

Isabel Santiago disse...

Os desenhos são belíssimos, mas o que o texto viu neles não é menos belo. Também este texto, tal como os desenhos, deixam uma enorme vontade de voltar. A vê-los, a lê-lo. Voltar ao sonho, à leveza, ao movimento de queda e elevação. Enlevo. O que aqui nos foi deixado recolhe-nos em enlevo. Um sorriso de agradecimento pelo tom e pelo som do que vi e li.

Paulo Borges disse...

Saúdo esta nova pluma da Serpente e o seu texto subtilmente cúmplice dos desenhos que comenta. Bem vindo !