O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 4 de abril de 2008

Bukowski: The Secret of My Endurance

http://www.youtube.com/watch?v=iCrn1LDDoRc&NR=1

I still get letters in the mail, mostly from cracked-up

men in tiny rooms with factory jobs or no jobs who are

living with whores or no woman at all, no hope, just

booze and madness.

Most of their letters are on lined paper

written with an unsharpened pencil

or in ink

in tiny handwriting that slants to the

left

and the paper is often torn

usually halfway up the middle

and they say they like my stuff,

I've written from where it's at, and

they recognize that. truly, I've given them a second

chance, some recognition of where they're at.

it's true, I was there, worse off than most

of them.

but I wonder if they realize where their letters

arrive?

well, they are dropped into a box

behind a six-foot hedge with a long driveway leading

to a two car garage, rose garden, fruit trees,

animals, a beautiful woman, mortgage about half

paid after a year, a new car,fireplace and a green rug two-inches thick

with a young boy to write my stuff now,

I keep him in a ten-foot cage with a

typewriter, feed him whiskey and raw whores,

belt him pretty good three or four times

a week.

I'm 59 years old now and the critics say

my stuff is getting better than ever.

5 comentários:

Anónimo disse...

Dos amigos do álcool

[Alcohol is like love. The first kiss is magic, the second is intimate, the third is routine. After that you take the girl’s clothes off.]

Raymond Chandler

[After a month’s sobriety my faculties became unbearably acute and I found myself unhealthily clairvoyant, having insights into places I’d as soon not journey to. Unlike some men, I had never drunk for boldness or charm or wit; I had used alcohol for precisely what it was, a depressant to check the mental exhilaration produced by extended sobriety.]

Frederick Exley

[Drinking is an emotional thing. It joggles you out of the standardism of everyday life, out of everything being the same. It yanks you out of your body and your mind and throws you against the wall. I have the feeling that drinking is a form of suicide where you’re allowed to return to life and begin all over the next day. It’s like killing yourself, and then you’re reborn. I guess I’ve lived about ten or fifteen thousand lives now.]

Charles Bukowski

...

Ana Margarida Esteves disse...

[After a month’s sobriety my faculties became unbearably acute and I found myself unhealthily clairvoyant, having insights into places I’d as soon not journey to. Unlike some men, I had never drunk for boldness or charm or wit; I had used alcohol for precisely what it was, a depressant to check the mental exhilaration produced by extended sobriety.]

Foram esses os motivos que me levaram a deixar temporariamente de meditar quando voltei a Bruxelas depois dos dois anos no Brasil. A meditacao tornava tudo tao claro, tao triste e autoritariamente claro, tao burocraticamente claro, tao racional e frigidamente claro, que eu pensei: Ou deixo de meditar e volto a ser o serezinho que era antes, ou dou em doida e isolo-me, ou abandono tudo e torno-me hippie, procando uma avalanche de ira dos meus familiares e amigos que tantas espectativas tinham em relacao a mim.

Foi a maior asneira que eu fiz, e que estou a corrigir.

Anónimo disse...

Ana Margarida, princesa,

Quer explicar melhor?
Uma vez experimentada a meditação, como se pode abandonar?...por um exercício da vontade?...

Ana Margarida Esteves disse...

Pelo desejo de nao enlouquecer, e de me sentir "integrada" num meio ao qual eu tinha a ilusao de querer pertencer, e cujos "esqueletos no armario" e mecanismos muito subtis de regimentacao e exclusao com base em "maneiras" e "gostos" de base classista a meditacao tornava tao evidente.

Pertencer a esse meio foi algo pelo qual eu litei arduamente desde a adolescencia. Por tudo em causa seri, acima de tudo, por em causa os sacrificios que fiz, as "benesses" economicas e o "status" social que adquiri e que eram tao valorizados, principalmente pelas pessoas que mais amava. Sim, era tambem, e principalmente, por em causa as pessoas que eu mais amava, e a satisfacao das expectativas que tinham em relacao a minha pessoa.

Por isso, posso dizer que sim, que foi um acto de vontade. uma cto que me custou muito, pois nada se compara ao nectar divino da meditacao ... E ao caos que ela induz nas nossas vidas ...

Ana Margarida Esteves disse...

Nota: Vou recomecar a meditar.