O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O DIA DO REIZOLAS



Verbo interior não é somente a tradução das coisas sensíveis para inteleccionadas. É porventura mais do que o reconhecimento de Deus nas coisas criadas. É, com o auxilio da uni-trindade, a relação mais intima de Deus com o mundo e os homens, criação projectada espontânea. Despeçam esse patrão cheio de manhas, Ele. Por justa causa sussurramos seus enigmas atrás da imagem, mas não vemos costas e nalgas, cunhamos a completude em linguagem sem tempos com olhar de avatares. Despeçam Deus como totalidade de cartão, garantiremos as suas manhas e os desenhos de lápis de cera, criaditos governando o poder operativo através do seu Verbo feito verbo interior e movimento exterior. Verbum mentis e sinónimo da relação Logos-Pai que enche o sensível de espírito e auspicio que as enfermiças estrelas possuem sem serem Fred Astaire, também podendo ser pais, mães, palafreneiros e papas. Em última análise, o verbo interior é a constatação mais directa da presença de Deus nas coisas que criou e da necessidade absoluta deste apanhar o autocarro para o cu de Judas dos prospectos. Com o enchimento de volume desse verbo, a presença torna-se quase Espírito em conhecimento e f(um)ção. A quem permeia sem pedir licença, com emaranhados e animalescos, representando-nos como ideogramas da mesma compulsão. Que em linguagem interior permanece impressão digital de Pensamento que se pensa, dinâmico ideativo original que depende de constrangimentos obscenos e que neles realiza sua medida: não precisareis de pensar meus pequeninos, descansai de mãos juntas. O enigma do homem permanece neste linhado, divisão entre corpo e intelecto ou pura formalidade do obscuro, em testemunho juiz dele sendo a voz do gerúndio interior, participando panteísta pela constatação imediata do seu Logos vernacular, ao que bastará o ruído flatulento, cinzento mortiço dos infernos celestes, construções de budismo macabro.
Entre as fronteiras designadas da realidade e do conhecimento os opinados desbaratados da multidão espaçam e objectivam os corredores, com o que lhes impingiu o formulaico e tirânico óbice dos cosmos. Quanto mais passeiam, não por arrabaldes mas avenidas imponentes de erro gramatical (directivo?) ordem superior, mais perto de serem a esplêndida metáfora. Mesmo que no fim se limitem a apontar a esta, a do elefante morto como o exemplo qualitativo, para eles. Quanto ao verdadeiro mister das hierarquias, esse possuirá suficiente e inominável categoria para entregar como conteúdo, senão ao agnosticismo, decerto ao onirismo selvagem e irremediado único real.

9 comentários:

João de Castro Nunes disse...

Ó Coelacanto, isto é português, latim ou... latão?!... JCN

João de Castro Nunes disse...

Tenho mais do que fazer
para aturar as serpentes:
espero não vir a ter
efeitos maus dos seus dentes!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Coelacanto provoca maremoto disse...

quem é que lhe mordeu?

Coelacanto provoca maremoto disse...

Vc é um mártir Jcn. Entre pedradas e mordidelas ainda vai parar ao panteão. tenha fé!

João de Castro Nunes disse...

Esse é o meu receio, ó pá! JCN

João de Castro Nunes disse...

Versão melhorada:

Eu tenho mais que fazer
do que aturar as serpentes:
nada me obriga a sofrer
a peçonha dos seus dentes!

JCN

Coelacanto provoca maremoto disse...

que negativismo Jcn, afinal já perdeu toda a esperança na humanidade?
restam os sonetos!

João de Castro Nunes disse...

Salvei a "jóia da coroa". JCN

xxx disse...

és o príncipe do vai e volta, do diz que vai e não vai, do vai e vem

não te deram atenção quando eras pequenino?