quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Serpente, I
"Não há luz.
O tremor do útero anuncia a sílaba...
Digo tua profecia enquanto refaço o evangelho.
A boca sorri tortuosa maldizendo a dança dos temores.
Pronuncie! Não ouse sussurrar o caos.
O terço se enrosca em minha língua,
enquanto a primeira estrela se arrebenta.
Hospedo-me nas gavetas do inferno,
onde os verbos maceram.
Não olhe: vou nascer!
A garganta arreganhada permite o sibilar do cio.
Esfrego-me em teus pudores,
enquanto conjugo um bocado da lua.
As escamas pulsam displicentes,
sob a fronteira húmida da dor.
E o verde rasteja infindável,
trazendo a serpente!"
Agostina Akemi Sasaoka
Imagem: google
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5 comentários:
Mais um que gostei muito de ler*
Não ficou mesmo mesmo como desejaríamos, mas como eu digo, vamos tentando...obg
na imagem é visivel o eterno retorno, e o mal volta, o mal existe... se o mal voltar estamos condenados à derrota? (na serpente é sempre necessário dizer alguma coisa ligada á terra).
baal,
Na serpente é sempre preciso devorar-se em infinitos de uroborosa saudade...
Seja no "evangelho" dos homens da "revolução permanente"; seja no eterno feminino que nos vê mater nascida no ciclo infinito da contracção da terra, o que é uma revolução permanente de outro modo, sempre acima da história, igual à que em baixo se cruza...
Uma sílaba é um sinal num rosto feminino... de terra é a Serpente... tem asas e é uma mágica força que a si se cria...
Um sorriso aberto, baal.
(Desculpe a indelicadeza de ter começado a conversar com o baal... mas quis responder-lhe...)
A imagem que apresenta no seu post é-me muito querida, também um pouco temida, devo dizer, mas não quero explicar porquê.
Apenas para assinalar a Serpente e as suas peles que tão bem se vêem este outono. Nuas, à luz de textos, de mágicos néctares; de perfumes de outono; de pnsamento vertiginoso.
Entre Serpentes e estrelas construímos a nossa casa. Ela é sem portas e sem janelas; ela é, a nossa alma deserta, soprada pelo vento revolucionado dos céus e dos
"verbos macerados"...
Nasce-se na hora de uma morte
Que seja de prazer conjugado na imagem de uma lua crescente...
A terra... uma vez mais... o eterno feminino o eterno retorno... alquimia do verbo!
Um abraço em luz e pax
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