O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

PÓ DE ESTRELA

(Ao jeito de Teixeira de Pascoaes)

Fruto de milenária evolução
e de matéria orgânica formado,
na origem do meu ser atormentado
fui luz de virtual constelação.

Vim das galáxias, sabe-se lá quando:
talvez já fosse pedra, lama ou flor
que em espiral se foram transformando
por obra do Supremo Criador!

Bicho da terra, como diz Camões,
matéria vil de vísceras e ossos,
sujeita a toda a casta de emoções,

ufano-me de ser, em todo o caso,
entre montões de cósmicos destroços,
o pó de alguma estrela... em seu ocaso!

JOÃO DE CASTRO NUNES

2 comentários:

Anónimo disse...

Não posso deixar de o felicitar. Este soneto está mesmo bem conseguido! Foi... feliz.

rosário disse...

:( também queria saber versejar, mas não o sabendo fico contente, que ao menos por mim haja gente, que ponha em verso minha alma a brilhar

obrigada!!!! (e perdoa a quadra desajeitada)