O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 17 de junho de 2008

Rosa de Luz

A noite no seu ventre fulgurante
Levou a alma em espiraladas vozes
Ao domínio do Sal onde a língua é limpa
E o ouro dos cabelos coroa o astro.

Flamejantes cristais de pedra rosa
A liquidez da luz que se desfaz
Em cantos de estrelas acordada noite
Em delírios de matéria viva traz o dia.

Ao peito a voz do verbo a Mãe da Terra
Outonal princesa traça o fio da prata
No chumbo velho dos céus do mundo
Brilha o coral das águas no azul fecundo.

Rosa de brilho atlante, rosa do vento
Rodando ao centro de uma pedra esguia
Canta a saudade e renasce em pranto
Nas mãos o sal da vida e o ouro cego.


1 comentário:

Ana Margarida Esteves disse...

Lindíssimom poema a Shakti, à iluminação:-)!