O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 11 de junho de 2008

A Roda


A RODA


Habito numa roda.
Dou-me conta disso
segundo as árvores.
Sempre que olho pela janela
vejo-as:
quando, as folhas no céu,
quando, as folhas na terra.

E segundo os pássaros,
que voam
com uma asa para o sul
e com uma asa para o norte.

E segundo o sol,
que me nasce
hoje no olho esquerdo,
amanhã no direito.

E segundo eu,
que ora sou,
ora não sou mais.

Marin Sorescu

3 comentários:

Unknown disse...

E segundo o Dia,
que é ora escuro
ora de luz.

Segundo a vida
que é ora sono,
ora sonho
- redondo...

Unknown disse...

:) e como é o belo sorriso... um semi-círculo visível, que adivinha o todo invisível.

Unknown disse...

( ) o círculo todo, o nada.