O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 7 de junho de 2008

Reflexões do momento

A Religião é opressão, submissão, alienação.
Não tenho Religião, mas tenho religiosidade.
É diferente.
Não creio em nada sobrenatural e não me interessa nada sobrenatural, se não para me alienar.
Alienei-me tempo demais.
Se tivesse uma Religião, seria a Arte.
Se tenho uma religiosidade, é a Arte.
Não sou grande conhecedor, confesso.
Interessam-me, sobretudo, os artistas de massas. Alguns.
É que comunicam algo transversal aos seres humanos.
Interessam-me, sobretudo, os que me/nos transportam para o Infinito.
Que nos dão a sensação do Infinito.
Destaco, de entre esses, dois (duas bandas britânicas): Coldplay e Muse.
Os primeiros num registo mais pop, os segundos, mais rock.
Ambos com um sentido grandioso, épico, os primeiros mais terrenos, os segundos, aéreos.
Na pintura, o único que me enche as medidas: Hopper.
Não sei porquê. Já li que é o pintor da solidão. Talvez.
A verdade é que sinto que entro para o sossego das suas pinturas, paisagens, vidas acontecendo.
Na literatura, nenhum me toca especialmente.
Ler é entrar na mente do escritor. Não gosto de entrar em mentes.
Gosto de estar fora da mente. No mundo. Respirar. Movimento.
De dançar, embora seja um tímido dançarino.
Com o tempo, uns parcos 28 anos de vida, aprendi a valorizar os sentimentos, as emoções.
Valorizo-os mais do que a inteligência.
Gosto especialmente de pessoas boas, eu, que, normalmente, nem me considero uma pessoa boa.
É uma grande felicidade, descobrirmos bondade no olhar de uma pessoa.
Bondade, como quando voltamos a ser crianças, quando criamos, investimos, lutamos.
Por momentos, voltamos a ser inocentes. Ela está dentro de nós.
Mas a vida faz-nos e, não sei porquê, adquirimos muitos vícios.
Tornamo-nos desconfiados, prudentes, manhosos.
Jesus tinha razão ao afirmar que devemos dar a outra face. Num sentido. Interpretativo.
Se me fazes bem, se me fazes mal, não me interessa: agirei sempre bem.
Podes pensar que me levas, mas faço-o porque quero.
Podes pensar que me dominas, eu é que me deixo dominar.
Por mim, até que até de mim me liberte.
Até...

1 comentário:

Unknown disse...

Devemos dar a outra face... e só a outra face existe em verdade - porque se funde com quem a olha.