Sou alta montanha,
Pequena ilha isolada,
envolta em terra desolada,
tundra despojada,
mar profundo,
que só asas ténues,
sementes vagabundas, podem encontrar.
No cume desta terra,
uma só semente ganhou a batalha,
contra os elementos da terra e do mar.
Germinou de amor por mim,
protegendo-me com mil braços
das chuvas e tempestades,
da voraz erosão do tempo
deste inclemente lugar.
Por vezes sobrevoam-nos
alegres aves selvagens
que esqueceram daqui fazer lar.
Somos só porto de abrigo.
Passagem para outro lugar.
5 comentários:
Passo. Fico um pouco mais, mas mesmo sabendo que não regresso, ou que só sou regresso, prometo voltar a abrigar-me aqui. Promessa a cumprir nos sonhos ou nas ilusões. Nas divagações. Nas deambulações e nas hesitações. Prometo escutar ainda um pouco mais a voz que escreve, semente que vence o silêncio para o especificar, e revelar tal pormenor de encanto e mistério do mundo por viajar e contornar. Afinal, de passagem e passagem. Voragem, apesar da imobilidade. É por isso que regresso, mesmo sendo abismada na infinitude deste finito e breve aforismo natural.
Bela foto e belo texto. Assumo esse desafio: ter como Pátria a "Passagem para outro lugar".
Maravilha!
Como pode a Pátria ser "Passagem para outro lugar" ? Creio ser essa, no que respeita a Portugal, a proposta do V Império e, agora, da "Nova Águia"... Mas como ? Não se assimilará precipitadamente "Pátria" e mente ?...
Somos passagem. A nossa Pátria? Inefável!
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