sábado, 7 de junho de 2008
Excursões, improvisos, derivas
A minha vida é feita de desencontros, de coisas que não chegaram a acontecer. Encontrar o amor no olhar de uma mulher, eis a coisa mais indescritível do mundo.
Olharmos naqueles olhos cuja cor desconhecemos, perdermo-nos, imaginarmos o futuro.
É contigo que quero estar.
Depois, esqueço, resfrio, regresso aos pastos inacessíveis.
Por uns tempos. Até ao próximo desencontro.
Na verdade, não tenho tido muitos, a minha existência tem sido um tanto ou quanto desértica.
E isso não me importa.
Mas isto é diferente, porque não há dois amores iguais.
O amor é sempre novo. O mesmo, mas novo.
Caminha da parte para o todo.
Primeiro reparas no corpo, depois, vagamente, no olhar, que, inconscientemente, late.
A voz, os gestos, o cheiro, até que o olhar emerge.
Como se encontrasses uma chave há muito perdida.
O pensamento esvai-se, as ondas de ternura perpassam-te da cabeça aos pés, a envolvência.
És só ela.
Não é nada de transcendente, mas o Reino Animal.
Não deixa de ser mágico. É o supremo prazer.
Não sei se é melhor ter ou querer ter uma mulher.
Naturalmente, é melhor ter-se a mulher que se quer ter.
O sexo pelo sexo é algo que não faz sentido. Só se estiver bêbedo.
Mas pergunto-me o que é o amor. Se é algo mais do que físico, ou se algo mais do que fisicalidade, ou se tem a sua génese em algo mais do que o corpo.
É que há a tendência para mistificá-lo: sexo é físico, amor é espiritual.
Sim, amor é aparentemente espiritual mas... será?
O espírito é uma imaginação, tal como a nossa própria morte o é.
O que conhecemos do espírito de uma pessoa? Nada.
Conhecemo-la fisicamente e imaginamos algo que, provavelmente, não existe.
Mesmo no sexo, o que sabemos acerca do outro? Como o sabemos? O que há?
Visões, audições, olfactos... sensações.
Olhos, olhares, gemidos de prazer... tudo físico.
Seremos mais do que os nossos corpos? Teremos almas? O que é aquilo a que se chama alma? Onde está a alma? O que queremos dizer, o que queremos/tentamos realmente referir, quando dizemos "alma"?
Sensações e pensamentos; consciência.
Alguém a sentir ou a pensar algo.
Consciência de alguém a sentir ou a pensar algo.
Alguém consciente de estar a sentir ou a pensar algo.
Consciência, abertura ao mundo, receptividade, o mundo em mim.
O mundo na minha consciência, o mundo da minha consciência, o mundo para mim.
Eu no mundo, existência, a minha passagem pelo mundo, passado, presente, futuro.
Movimento, evolução, crescimento, degradação, vida, morte, crescer, desaparecer.
Passar. O mundo é uma passagem, o mundo é uma ponte: estamos todos a passar/está tudo parado a olhar/para nada.
Que sabemos mais, senão que passamos assim e assim por este mundo, que o sentimos e nos sentimos de tal e tal modo?
Que nos posicionamos de tal e tal modo em relação à existência?
O que é o mundo, senão algo que tende para o passado? Que se torna cada vez mais impossível?
Um lugar cheio de belezas e perigos.
De prazer e dor.
Potência e impotência.
Há dias, conheci um senhor muito amistoso, voz terna, lembrando-me a do meu avô.
Já velho, aí com 70s, 70s e tais.
Emigrou, trabalhou a vida toda no estrangeiro, juntou o seu.
Voltou a Portugal, à terra. Trabalhou mais.
Finalmente, comprou o seu montezinho, construiu uma casa modesta, digna.
Seis anos depois, Parkinson.
60 anos de privações, seis anos seus.
Dá que pensar.
O que fazer?
Termino com a pergunta, é tarde, vou dormir:
Como viver?
Olharmos naqueles olhos cuja cor desconhecemos, perdermo-nos, imaginarmos o futuro.
É contigo que quero estar.
Depois, esqueço, resfrio, regresso aos pastos inacessíveis.
Por uns tempos. Até ao próximo desencontro.
Na verdade, não tenho tido muitos, a minha existência tem sido um tanto ou quanto desértica.
E isso não me importa.
Mas isto é diferente, porque não há dois amores iguais.
O amor é sempre novo. O mesmo, mas novo.
Caminha da parte para o todo.
Primeiro reparas no corpo, depois, vagamente, no olhar, que, inconscientemente, late.
A voz, os gestos, o cheiro, até que o olhar emerge.
Como se encontrasses uma chave há muito perdida.
O pensamento esvai-se, as ondas de ternura perpassam-te da cabeça aos pés, a envolvência.
És só ela.
Não é nada de transcendente, mas o Reino Animal.
Não deixa de ser mágico. É o supremo prazer.
Não sei se é melhor ter ou querer ter uma mulher.
Naturalmente, é melhor ter-se a mulher que se quer ter.
O sexo pelo sexo é algo que não faz sentido. Só se estiver bêbedo.
Mas pergunto-me o que é o amor. Se é algo mais do que físico, ou se algo mais do que fisicalidade, ou se tem a sua génese em algo mais do que o corpo.
É que há a tendência para mistificá-lo: sexo é físico, amor é espiritual.
Sim, amor é aparentemente espiritual mas... será?
O espírito é uma imaginação, tal como a nossa própria morte o é.
O que conhecemos do espírito de uma pessoa? Nada.
Conhecemo-la fisicamente e imaginamos algo que, provavelmente, não existe.
Mesmo no sexo, o que sabemos acerca do outro? Como o sabemos? O que há?
Visões, audições, olfactos... sensações.
Olhos, olhares, gemidos de prazer... tudo físico.
Seremos mais do que os nossos corpos? Teremos almas? O que é aquilo a que se chama alma? Onde está a alma? O que queremos dizer, o que queremos/tentamos realmente referir, quando dizemos "alma"?
Sensações e pensamentos; consciência.
Alguém a sentir ou a pensar algo.
Consciência de alguém a sentir ou a pensar algo.
Alguém consciente de estar a sentir ou a pensar algo.
Consciência, abertura ao mundo, receptividade, o mundo em mim.
O mundo na minha consciência, o mundo da minha consciência, o mundo para mim.
Eu no mundo, existência, a minha passagem pelo mundo, passado, presente, futuro.
Movimento, evolução, crescimento, degradação, vida, morte, crescer, desaparecer.
Passar. O mundo é uma passagem, o mundo é uma ponte: estamos todos a passar/está tudo parado a olhar/para nada.
Que sabemos mais, senão que passamos assim e assim por este mundo, que o sentimos e nos sentimos de tal e tal modo?
Que nos posicionamos de tal e tal modo em relação à existência?
O que é o mundo, senão algo que tende para o passado? Que se torna cada vez mais impossível?
Um lugar cheio de belezas e perigos.
De prazer e dor.
Potência e impotência.
Há dias, conheci um senhor muito amistoso, voz terna, lembrando-me a do meu avô.
Já velho, aí com 70s, 70s e tais.
Emigrou, trabalhou a vida toda no estrangeiro, juntou o seu.
Voltou a Portugal, à terra. Trabalhou mais.
Finalmente, comprou o seu montezinho, construiu uma casa modesta, digna.
Seis anos depois, Parkinson.
60 anos de privações, seis anos seus.
Dá que pensar.
O que fazer?
Termino com a pergunta, é tarde, vou dormir:
Como viver?
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1 comentário:
Sonhando, brincando, amando, criando... essencialmente.
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