sábado, 17 de maio de 2008
Um texto a partir do texto anterior
Por que faço, no texto anterior, a crítica aos pretensos filósofos objectivistas? Porque, a mando de falsos caprichos e irritações pessoais contra o mundo que, para eles, se divide entre leigos e não-leigos, provocando-me irritações cutâneas, como sejam os da clareza de linguagem para que a filosofia seja acessível a todos, transformam-na, na verdade, numa actividade completamente académica e desligada da realidade, das velhas com a pele enrugada pela passagem do tempo, dos agricultores e pescadores, da terra, das suas suaves, simples e profundas intuições, de crenças religioso-metafísicas acerca da realidade vividas com uma incrível intensidade, da realidade-verdade, crua, para a idealização-alienação, construída.
Vivemos a era dos cursos. Hoje, há cursos para tudo e são necessários cursos para tudo, o que é liminarmente ridículo, na medida em que é possível que o maior filósofo de sempre seja um aparente Zé-Ninguém sentado no chão, na esquina ventosa, ou um raro pastor perdido num qualquer monte longínquo. No entanto, como vivemos não só na era dos cursos, como na dos papéis, privilegiam-se os papéis, os diplomas, que não são assertivos, excepto para inglês ver.
Vivemos não só a era dos cursos e dos papéis, como a dos currículos, tal é a desconfiança de uns para outros. A maior preocupação das pessoas é fazer currículo, não só para terem a justa preocupação de melhores possibilidades de empregabilidade futura, como para defenderem socialmente um status numa sociedade cada vez mais agressiva, encolhida, receosa.
Sou contra tudo isto: cursos, papéis, currículos e, portanto, talvez infelizmente, contra o modelo social em que vivemos, embora entenda que tanta burocracia pode visar a nossa própria segurança. Talvez a solução passe, como tem vindo a ser dito desde há uns anos para cá, por uma participação social mais local, onde o contacto humano e os afectos são maiores, e onde as pessoas são mais valorizadas na sua sensibilidade e não tanto na sua capacidade funcional.
Nas cidades, as pessoas são pouco afectuosas, muito carreiristas e individualistas, "não me chateies que eu também não", vivendo no entanto a estranha condição de extremamente desligadas da sua individualidade enquanto são extremamente individualistas, porque desligadas da vida e da morte, da terra e do céu, esquecendo facilmente, pequenas peças numa complexa engrenagem.
Os filósofos não devem pensar fechados nas suas redomas pseudo-individualistas, mas individualizar-se, livremente, para a colectividade, tendo a obrigação de, como pensadores da vida e da morte, da existência, da pessoa e da sociedade, das relações, do ideal, divulgá-lo, respeitando, no entanto, a clara incerteza das nossas noções acerca do mundo, porque o humano é o ser da crença, no que respeita ao ser da realidade para lá das aparências (se esta ou aquela existem... penso que sim!) e ao futuro.
Vivemos a era dos cursos. Hoje, há cursos para tudo e são necessários cursos para tudo, o que é liminarmente ridículo, na medida em que é possível que o maior filósofo de sempre seja um aparente Zé-Ninguém sentado no chão, na esquina ventosa, ou um raro pastor perdido num qualquer monte longínquo. No entanto, como vivemos não só na era dos cursos, como na dos papéis, privilegiam-se os papéis, os diplomas, que não são assertivos, excepto para inglês ver.
Vivemos não só a era dos cursos e dos papéis, como a dos currículos, tal é a desconfiança de uns para outros. A maior preocupação das pessoas é fazer currículo, não só para terem a justa preocupação de melhores possibilidades de empregabilidade futura, como para defenderem socialmente um status numa sociedade cada vez mais agressiva, encolhida, receosa.
Sou contra tudo isto: cursos, papéis, currículos e, portanto, talvez infelizmente, contra o modelo social em que vivemos, embora entenda que tanta burocracia pode visar a nossa própria segurança. Talvez a solução passe, como tem vindo a ser dito desde há uns anos para cá, por uma participação social mais local, onde o contacto humano e os afectos são maiores, e onde as pessoas são mais valorizadas na sua sensibilidade e não tanto na sua capacidade funcional.
Nas cidades, as pessoas são pouco afectuosas, muito carreiristas e individualistas, "não me chateies que eu também não", vivendo no entanto a estranha condição de extremamente desligadas da sua individualidade enquanto são extremamente individualistas, porque desligadas da vida e da morte, da terra e do céu, esquecendo facilmente, pequenas peças numa complexa engrenagem.
Os filósofos não devem pensar fechados nas suas redomas pseudo-individualistas, mas individualizar-se, livremente, para a colectividade, tendo a obrigação de, como pensadores da vida e da morte, da existência, da pessoa e da sociedade, das relações, do ideal, divulgá-lo, respeitando, no entanto, a clara incerteza das nossas noções acerca do mundo, porque o humano é o ser da crença, no que respeita ao ser da realidade para lá das aparências (se esta ou aquela existem... penso que sim!) e ao futuro.
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1 comentário:
A propósito dos cursos, galões e tais, após opinar sobre uma polémica na Nova Águia eis que surge um iluminado no meu mail exigir um qualquer pedido de desculpas, cujo conteúdo pode ser visto num dos meus blogs.
Incrível a apropriação da língua, do pensar por mentes ditas brilhantes.
Concordo com os seus textos. Abraço.
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