O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 12 de maio de 2008



http://ovelhaperdida.wordpress.com/2007/12/29/o-gato-de-agostinho-da-silva/

O gato responde às dúvidas existenciais
do filósofo
com um bocejo
e um olhar íntimo
do alto do sofá vermelho
aconchegado no torpor
da tarde

o gato de Agostinho tem bigodes
e não é homem
aquele olhar sedutor
sem ser mulher

espeta as orelhas para ouvir
a voz sonolenta
do pensador.

Palmela, Dezembro de 2007

© Brissos Lino

3 comentários:

Anónimo disse...

O gato do filósofo
escuta a voz do pensador
e levanta os bigodes
para a luz do tecto.
Não tarda, estão no colo um do outro, aninhados e sonhadores
a imaginar, ambos,que a noite
não tem limites para o conforto
da intimidade.
Profetas do sentido universal
O gato vê a lua numa quadra de papel e mia de amor.
Agostinho entende esse miar
Cúmplices, adormecem a sonhar impérios.

Um abraço

Anónimo disse...

Será o gato, o filósofo ou nós quem pensa haver gato, filósofo e nós ?

Anónimo disse...

Não seria Agostinho da Silva uma heterónima emanação dos seus gatos ?