sábado, 17 de maio de 2008
Reflexões várias, sobretudo sobre o anarquismo, o mal no mundo e a visão errada dos filósofos objectivistas que querem matar o misticismo
O anarquismo é um fenómeno regional, na medida em que é impossível que um grupo grande de pessoas, como acontece nas cidades, sobreviva sem leis, que deveriam existir para, infelizmente, nos protegermos uns dos outros, e sem alguém cujo trabalho é gerir o trabalho e o fruto do trabalho dos outros, papel que, de resto, está consignado aos sindicalistas no anarco-sindicalismo, sendo que, portanto, nesse modelo, os sindicatos seriam uma espécie de governo.
Não me considero comunista nem socialista, visto que o objectivo destes é o fim do Estado e a criação de uma sociedade em tudo semelhante à anarquista, com a diferença de que os primeiros propõem uma mudança mediata e os últimos imediata. Penso que a mais plausível, de entre ambas, é a mediata, porque se passássemos imediatamente para a ausência de leis muitos dos mais desfavorecidos não teriam pejo em tomar de assalto as propriedades dos mais poderosos.
O que vai mal no mundo? O que vai mal em Portugal?
Ao contrário de alguns intelectuais que peroram na Internet, não sou da opinião de que Portugal seja uma pasmaceira locus de povo inculto e apático, até porque cultura e apatia são musts de qualquer sociedade humana. Na verdade, penso que esses anglicano-americanizados, sedentos de ciência e progresso progresso PROGRESSO, rejeitam, com todo o direito, a sua própria cultura, de que se envergonham, anuindo eventualmente às breves anuições que vêm de fora, relativas ao nosso pequeno e belo pedaço de terra.
Não me considero uma pessoa culta, na medida em que esqueci muito do que aprendi no liceu, desde a História (que considero fundamental) à Ciência, passando pela Matemática. Porém, penso que a educação, o facto de sermos educados desde a mais tenra idade, visa, não tanto nem apenas, criar máquinas produtoras de uma ilusão chamada progresso (exceptuando o fantástico e benéfico progresso da medicina e das áreas necessárias para o mesmo, como a tecnologia...), mas seres humanos dotados de fortes características morais - personalidade moral -, com o objectivo de minorar os conflitos que, necessariamente, surgem ao longo da vida das sociedades, entre os indivíduos.
Penso, por isso, que o maior e menos ilusório progresso que existe, o verdadeiro, é o progresso moral, porque é esse que permitirá a criação de uma sociedade mais justa, maior qualidade de vida, incremento de felicidade em cada um de nós, não obstante o sofrimento necessário associado à existência, especialmente à humana, mais que não seja pela consciência da morte e da possibilidade do sofrimento, da dor, da incapacidade, doença e fome.
Julgo que existem demasiados filósofos preocupados em fazer da filosofia uma espécie de ciência objectiva, não obstante o seu carácter não empírico, embora exista a chamada filosofia experimental, e até entendo o seu ponto de vista, na medida em que se rebelam contra aqueles que, como eu, pouco percebem de filosofia e, não como eu, dizem que a filosofia é uma área subjectiva em que cada um interpreta à sua maneira e em que não há uma mas inúmeras leituras de uma mesma frase. Talvez tenham razão, talvez. Porém, o ponto não é esse. O que me irrita profundamente nos objectivistas, vulgo analíticos, é a sua pretensão de extrema seriedade, como se tratassem dos assuntos mais importantes do mundo. Não é verdade. A maioria das vezes tratam de questiúnculas pseudo-sérias cujas respostas em nada contribuirão para o aumento da sua ou da felicidade dos outros, nem para que encontrem um qualquer sentido maior para as suas pequenas (e sérias, muito sérias) existências.
A filosofia deve ser feita com o coração. As pessoas não são máquinas argumentativas completamente racionais, e o mundo não é completamente racionalizável. Tem de existir -e há - espaço para o misticismo e para a fantasia. Naturalmente, a luta desses filósofos pseudo-sérios, que são seres bastante recalcados, é contra o misticismo e a fantasia, porque querem transformar a filosofia numa área respeitável, distinta das demais astrologias e cartomancias, próxima da Ciência. E, na verdade, a filosofia tem mais a ver com ciência do que com as referidas intrujices, na justa medida em que o filósofo é aquele que procura conhecer - como o cientista -, respostas para perguntas que tem acerca de aspectos, que desconhece, da realidade, ou para o seu todo:
Viverei para sempre? Sempre vivi? O que é a realidade? A realidade sensorial é aparente? Deus existe?
São perguntas, eventualmente, sem resposta ou, penso que mais apropriadamente, com respostas que desconhecemos, que nos transportam, naturalmente, para outras áreas que não a filosofia, como a religião, a arte, ou mesmo para atitudes, como a contemplação ou o desprezo pela nosso anterior materialismo prático e pouco pensado. Talvez a filosofia seja, infelizmente e ao contrário do que os falsos-filósofos-objectivistas querem fazer crer, um beco sem saída ou, por outro lado, uma tenaz abertura do (nosso) ser ao mundo, ao infinito, ao misticismo que os objectivistas querem matar porque são cientistas falhados (ou outras máquinas quaisquer).
Na verdade, querem tanto sobreviver intelectualmente, que rejeitam o projecto primeiro do filósofo, aquele que mais do que um mero argumentador era uma pessoa cuja praxis de vida se coadunava com uma série de pensamentos que, no passado, lhe haviam aberto a mente ao mundo, ao espaço, à distância, à noite... ao misticismo.
Querer transformar a filosofia em algo mais do que essa abertura-aventura, mística, do ser ao ser, é a busca de um milagre (no pior sentido do termo) tão repleto de fé como o da transubstanciação.
Não me considero comunista nem socialista, visto que o objectivo destes é o fim do Estado e a criação de uma sociedade em tudo semelhante à anarquista, com a diferença de que os primeiros propõem uma mudança mediata e os últimos imediata. Penso que a mais plausível, de entre ambas, é a mediata, porque se passássemos imediatamente para a ausência de leis muitos dos mais desfavorecidos não teriam pejo em tomar de assalto as propriedades dos mais poderosos.
O que vai mal no mundo? O que vai mal em Portugal?
Ao contrário de alguns intelectuais que peroram na Internet, não sou da opinião de que Portugal seja uma pasmaceira locus de povo inculto e apático, até porque cultura e apatia são musts de qualquer sociedade humana. Na verdade, penso que esses anglicano-americanizados, sedentos de ciência e progresso progresso PROGRESSO, rejeitam, com todo o direito, a sua própria cultura, de que se envergonham, anuindo eventualmente às breves anuições que vêm de fora, relativas ao nosso pequeno e belo pedaço de terra.
Não me considero uma pessoa culta, na medida em que esqueci muito do que aprendi no liceu, desde a História (que considero fundamental) à Ciência, passando pela Matemática. Porém, penso que a educação, o facto de sermos educados desde a mais tenra idade, visa, não tanto nem apenas, criar máquinas produtoras de uma ilusão chamada progresso (exceptuando o fantástico e benéfico progresso da medicina e das áreas necessárias para o mesmo, como a tecnologia...), mas seres humanos dotados de fortes características morais - personalidade moral -, com o objectivo de minorar os conflitos que, necessariamente, surgem ao longo da vida das sociedades, entre os indivíduos.
Penso, por isso, que o maior e menos ilusório progresso que existe, o verdadeiro, é o progresso moral, porque é esse que permitirá a criação de uma sociedade mais justa, maior qualidade de vida, incremento de felicidade em cada um de nós, não obstante o sofrimento necessário associado à existência, especialmente à humana, mais que não seja pela consciência da morte e da possibilidade do sofrimento, da dor, da incapacidade, doença e fome.
Julgo que existem demasiados filósofos preocupados em fazer da filosofia uma espécie de ciência objectiva, não obstante o seu carácter não empírico, embora exista a chamada filosofia experimental, e até entendo o seu ponto de vista, na medida em que se rebelam contra aqueles que, como eu, pouco percebem de filosofia e, não como eu, dizem que a filosofia é uma área subjectiva em que cada um interpreta à sua maneira e em que não há uma mas inúmeras leituras de uma mesma frase. Talvez tenham razão, talvez. Porém, o ponto não é esse. O que me irrita profundamente nos objectivistas, vulgo analíticos, é a sua pretensão de extrema seriedade, como se tratassem dos assuntos mais importantes do mundo. Não é verdade. A maioria das vezes tratam de questiúnculas pseudo-sérias cujas respostas em nada contribuirão para o aumento da sua ou da felicidade dos outros, nem para que encontrem um qualquer sentido maior para as suas pequenas (e sérias, muito sérias) existências.
A filosofia deve ser feita com o coração. As pessoas não são máquinas argumentativas completamente racionais, e o mundo não é completamente racionalizável. Tem de existir -e há - espaço para o misticismo e para a fantasia. Naturalmente, a luta desses filósofos pseudo-sérios, que são seres bastante recalcados, é contra o misticismo e a fantasia, porque querem transformar a filosofia numa área respeitável, distinta das demais astrologias e cartomancias, próxima da Ciência. E, na verdade, a filosofia tem mais a ver com ciência do que com as referidas intrujices, na justa medida em que o filósofo é aquele que procura conhecer - como o cientista -, respostas para perguntas que tem acerca de aspectos, que desconhece, da realidade, ou para o seu todo:
Viverei para sempre? Sempre vivi? O que é a realidade? A realidade sensorial é aparente? Deus existe?
São perguntas, eventualmente, sem resposta ou, penso que mais apropriadamente, com respostas que desconhecemos, que nos transportam, naturalmente, para outras áreas que não a filosofia, como a religião, a arte, ou mesmo para atitudes, como a contemplação ou o desprezo pela nosso anterior materialismo prático e pouco pensado. Talvez a filosofia seja, infelizmente e ao contrário do que os falsos-filósofos-objectivistas querem fazer crer, um beco sem saída ou, por outro lado, uma tenaz abertura do (nosso) ser ao mundo, ao infinito, ao misticismo que os objectivistas querem matar porque são cientistas falhados (ou outras máquinas quaisquer).
Na verdade, querem tanto sobreviver intelectualmente, que rejeitam o projecto primeiro do filósofo, aquele que mais do que um mero argumentador era uma pessoa cuja praxis de vida se coadunava com uma série de pensamentos que, no passado, lhe haviam aberto a mente ao mundo, ao espaço, à distância, à noite... ao misticismo.
Querer transformar a filosofia em algo mais do que essa abertura-aventura, mística, do ser ao ser, é a busca de um milagre (no pior sentido do termo) tão repleto de fé como o da transubstanciação.
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4 comentários:
Plenamente de acordo, caro Nuno !
Viverei para sempre?
Se deus existe.
Sempre vivi?
So voce sabe.
O que é a realidade?
A realidade é dentro de te.
A realidade sensorial é aparente?
Beja te nos teus labios.
Deus existe?
Se voce vive para sempre.
Ó grande anónimo, és sábio, és César e... és nada !
Não sei viver neste Mundo. Neste mundo de cursos e recursos, de certificados e de justificações, de palavras inflamadas e de condições e discussões, de avaliações e retro-avaliações, de paradigmas e de "espaços de possibilidades", de empreendedorismo que não é neo-liberalizador.
Alguém me poderá dar um mapa de outras geogracidades de um outro qualquer planeta onde se viva como SER????
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