O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 24 de julho de 2010

Quem somos quando nada fazemos mas estamos presentes?

"Em termos do sentimento individual de quem somos, a maioria de nós identifica-se fortemente com os papéis que desempenhamos na vida quotidiana, por exemplo, pais, esposos, filhos, estudantes ou pessoas numa certa profissão. Tais papéis são importantes e eles definem-nos nas nossas inter-relações sociais. Mas, tirando as nossas relações específicas com outras pessoas e os tipos de actividades em que nos envolvemos regularmente, o que fica? Quem somos nós quando nos sentamos calmamente nos nossos quartos, nada fazendo mas estando presentes?"

- B. Alan Wallace, Mind in the Balance. Meditation in Science, Buddhism and Christianity, Columbia University Press, 2009.

4 comentários:

Kunzang Dorje disse...

É difícil sentar-me calmamente no quarto sem nada fazer... Os olhos procuram a janela, as mãos vão ao encontro de um comando de televisão, o estômago reclama por mais comida, a mente engendra planos e prazos para cumpri-los e de repente já me encontro fora de casa ocupado por uma actividade qualquer. Enfim... sou um escravo do desejo.

platero disse...

interroga-mo-nos
(porque é que o "corrector" dá correcto desta forma e errado desta:
"interrogamo-nos"?
- que é como eu presumo que está certo?

quem está errado?- explicam-me?)

acabo de dar por que ao vestir calção, calça, cueca enfio invariavelmente primeiro a perna esquerda.

será isto importante? Nada em absoluto, claro. De qualquer modo, uma pequena descoberta

ethel disse...

quem sou eu para dizer o que sou quando estou presente? o nada que agora canta/o céu que se escapa na garganta/sou o azul que não conheço/o desejo que tudo aceita
quem sou eu, se não em conheço!

Anaedera disse...

Nada,
sempre somos em algo
ou alguém.