O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 24 de julho de 2010

À beira da estrada
nascem rosas
fora de horas

Calam-se os pardais
ama a mulher
o Deus menino

como se amasse
o esposo

fosse o tempo
vivido a contento
cantariam os pardais

amaria a mulher
o homem
em devido tempo

Pede o anjo ajuda
ao arcanjo
que o tempo
seja sem tempo

nascem rosas
sem hora
cantam os pardais
sem parar

dia e noite
noite e dia
e o tempo
é sempre o mesmo