terça-feira, 8 de setembro de 2009
Uma Canção de Solidão
«Esta terra montanhosa cheia de prados e de
flores claras é um lugar alegre.
Na floresta as árvores dançam e os macacos
brincam,
pássaros dão voz a todos os tipos de belas
melodias e as abelhas esvoaçam e flutuam.
Magníficas cascatas de torrente de Verão
e Inverno,
neblinas de Outono e de Primavera rolam
em novelos,
O arco-íris cintila noite e dia.
Nesta solidão, Mila, o de vestes de algodão,
encontra a sua alegria.
Contemplo o vazio de todas as coisas e vejo
a luz clara,
Feliz quando toda a espécie de coisas aparecem
perante mim: quanto mais coisas aparecerem
mais feliz eu fico,
Dado que o meu corpo e mente estão livres
do mal.
Feliz estou enquanto as coisas redemoinham
à minha volta -
No seu ir e vir fico feliz, por estar livre
dos altos e baixos da paixão.
Feliz na transformação da dor em alegria,
feliz na força do meu corpo,
Feliz nas canções triunfantes que canto,
ao dançar a correr e a saltar,
Feliz ao transformar em palavras os sons
que murmuro
Feliz no meu poder espontâneo..."
Milarepa
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12 comentários:
"feliz no meu poder espontâneo"...como gosto disso!pk, de facto, somos fluidez cósmica quando nos permitimos discorrer na natureza sem dela nos querermos apoderar, tão somente, contemplar...e a solidão é liberdade, condição de toque e fusão do imanente com o transcendente.
namastê, K.Dorje
Gosto de ouvir os violinos... na magia das palavras! JCN
ser... simplesmente ser...
namastê
"Ser", simplesmente "ser", parece-me ficar ainda "aquém" do estado de estar-sendo "sem-qualidades", de que aqui se escutam ecos, que não cabem nas meras palavras...
será mais este sentido de "sendo, não-sendo", Damien?
nem ser, nem não ser, nem ser e não ser, nem ser nem não ser... como exprimir o inexprimível com palavras? talvez se consiga mais com actos do que com as palavras...
abraço ao damien:) o lapdrey irascível morreu?
tb já tinha percebido este damien.lapdrey ;)
e sim, vivamos então o indizível mediante karuna... :) um desafio!
..hum?
(os costumeiros argumentos budistas circulares são um óptima "des-ajuda": foram-no, aliás, como não podia deixar de ser, no "caminho" de Milarepa ...)
Sítio lindíssimo. Sublime.
A solidão nem sempre canta. Muitas vezes grita muda.
grande verdade, Rasputine.
Olivromorreu, em breve estaremos num sítio mágico ;)
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