O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 13 de junho de 2008

Cedo nos ensinam a amarmos a tudo menos a nós mesmos, e assim a des-amarmos o Todo e a fixarmo-nos no mesmo.

19 comentários:

Unknown disse...

o que existe é a união... vermo-nos como entidade separada do que está à nossa volta é deixar de amar... é isso que nos faz abandonar a nossa infância...

Anónimo disse...

Cara Ana, achas mesmo ? No que respeita à primeira parte da afirmação, creio ser exactamente o oposto: "Cedo nos ensinam a amarmos a nós mesmos mais do que a tudo" ! Basta olhar à nossa volta com olhos de ver... E a criança, na infância, etc., não precisa sequer que lhe ensinem isso: já nasce com o instinto de se proteger acima de tudo a si mesma... Vá-se lá saber porquê ! É por isso que a educação tem de servir para desegoízar as criancinhas... Dizer que elas são o bom selvagem do Rousseau foi uma das maiores ingenuidades do Agostinho da Silva.

Unknown disse...

Como o próprio Agostinho disse, a criança que nasce reflecte de algum modo o ambiente em que vive... por isso não pode representar puramente o "bom selvagem". Quanto ao se nos ensinam mais a amar a nós ou aos outros... não sei nem, sinceramente, faço questão de saber. Quero saber é como é isso de amar... talvez seja preciso olhar o que é o homem, visto ser ele o sujeito que ama. Poderemos analisá-lo como ser isolado do mundo sendo ele uma síntese, uma união do próprio mundo?... O homem que tem consciência de si arrisca a perder-se de si, pois o homem, em rigor, vive um sonho colectivo.... :)

Unknown disse...

(Tenho preguiça em querer saber algumas coisas... depois dá-me para repetir doentiamente outras... como se vê)

Unknown disse...

(Peço desculpa algum incómodo... só quero - só posso querer! - aquilo que em verdade apenas existe... a nossa união...)

Paulo Borges disse...

Caras amigas e amigos, quanto a isto já sabem o que penso: nascer é sinal de ignorância e egocentrismo, a não ser no caso dos seres despertos, que escolhem nascer para ajudar os outros. Por isso não me fascino assim tanto com a inocência das crianças, por mais adoráveis que sejam... Tenho dois filhos e sei isso por experiência própria, também pela memória do meu egocentrismo infantil. Se nascemos neste mundo e por ele somos condicionados é porque nos auto-condicionámos nesse sentido por pensamentos e acções anteriores. Na verdade, num sentido mais fundo, nele nascemos a cada instante, pela ilusão dualista. Por isso mesmo, a cada instante estamos a tempo de nunca haver nascido, pelo Despertar (do sono, do sonho e do próprio Despertar, que são conceitos subsidiários da maior ilusão, a ilusão de haver quem durma, sonhe e desperte).

Abraços, sem braços, e uma saúde ao Pessoa, só persona !

Ana Margarida Esteves disse...

"Cedo nos ensinam a amarmos a nós mesmos mais do que a tudo" !

Não creio: cedo nos ensimam mais a amar a sombra de nós mesmos - Aquela que obtém poder ao reflectir as expectativas sociais ou ao mostrar-se "mais" do que os outros, seja lá o que isso for, em vez de amarmos o que há de mais profundo e autêntico em nós, o Incondicionado.

Acho que o problema não é haver individualismo a mais, mas sim individualismo a menos.

Acham que a maioria dos "Yuppies", se forem realmente honestos acerca de el@as mesm@s, nasceram com vocação para gestores de empresas, banqueiros, advogados, funcionários públicos, e para passarem a santa vida enfiados em escritórios, em reuniões, e a derreter dinheiros em lojas, andares e concessionários de automóveis?

"Yuppies" e não só, todos os "falsos eus" que existem por aí ...

Ana Margarida Esteves disse...

"Por isso mesmo, a cada instante estamos a tempo de nunca haver nascido, pelo Despertar (do sono, do sonho e do próprio Despertar, que são conceitos subsidiários da maior ilusão, a ilusão de haver quem durma, sonhe e desperte)."

Isso mesmo paulo, a cada instante estamos a tempo de nos descobrirmos como o Incondicionado. Isso sim, é a única Coisa que realmente Somos e Não-somos.

Unknown disse...

Tenho dificuldade em chegar a esse entendimento, Paulo, não o consigo associar ao que conheço e sinto...
Quanto às crianças, elas nascem da união... elas concentram o todo, tudo o que existe está ali - elas são o que são, sem rodeios. Se isso é ser egocêntrico? Sim, ou mais que isso, é Ser autêntico. E isso pode incomodar-nos porque o reprimimos - é a minha opinião. Não estes seres civilizados... isto que somos é um egocentrismo da nossa mente quanto à nossa natureza original.

Unknown disse...

Essa simultaneidade absoluta dos opostos não deixa lugar para relativizar nada no mundo... parece-me.
Relativo e absoluto, trocam-se... relativizar tudo é tornar o relativo absoluto... enquanto o mundo é um absoluto temporariamente relativizado; ou seja, essa sua visão contempla uma parte dele...

Unknown disse...

tornar absoluto o relativo é a morte... viver é relativizar o absoluto - também, ou principalmente... estamos relativos ao tempo e ao espaço... porque fugir totalmente deles? para ficarmos apenas no absoluto ficávamos onde (não) estávamos... onde tudo é E não é... mas estamos aqui... e viva o relativo que nos deixa sentir este milagre da relação! ;) onde estão coisas que são Ou não são. O "e" não é melhor que o "ou", o "e" não tem piada alguma sem o "ou". Vivamo-los a um e a ou-tro.

Unknown disse...

Quanto aos ensinamentos: as crianças têm-nos a ensinar que algo é bom E mau (É), nós temos-lhes a ensinar que algo é bom Ou mau... elas têm a ensinar o fundamental, nós o secundário...

D'uma eterna criança. :P

Anónimo disse...

Que seca de conversa, porra ! Vivam os Yuppies !

Anónimo disse...

Sou quente e boa... e não sou uma castanha ! Faça-vos esquecer a filosofia, a poesia, o Pessoa e a criança. O convívio é total e completo: não como fatias, só o bolo todo.

Telefonem, querid@s: 217920000.

Beijos quentes e bons...

Anónimo disse...

Tentei ligar-te por diversas vezes Uau, mas o telefone está sempre impedido e deves ter a caixa de mails completamente cheia pois os mails que te envio retornam…

Anónimo disse...

Penso, logo não como. Não penso, logo como. Enquanto como, não existo.

Anónimo disse...

lol

Anónimo disse...

Querida Uau, estou a tentar ligar-te, mas parece que este telefone é da Faculdade de Letras... Serás professora lá ?

Anónimo disse...

Querida Uau, estou a tentar ligar-te, mas parece que este telefone é da Faculdade de Letras... Serás professora lá ?