O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 16 de junho de 2008

Oiço



Noite debruçada no barro das varandas

vozes do verão

a secar os poros dos cavalos do pó.

Vento que desapertou a blusa

à pele quente da tarde.

Voz de tecedeira de fios de som

para bordar o silêncio!

Noite de varandas e fontes

a nascer nos olhos do amado

Oiço

as asas dos cavalos do vento

e o cheiro das rosas

que vêm do mar

rosas de água

trazem saudades e maresia

Rosas para dormir e sossegar.


São rosas de prata

Só de olhos fechados as podemos sonhar.

1 comentário:

Anónimo disse...

e o vento é fermento
lira secreta
e saudade
na noite um lamento
na perdição
liberdade
:)