O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 23 de junho de 2008

até quase escreverei o que gostaria de ler; aguardo o depuramento e a claridade para o adjectivo que a velhice me trará de atrelado com a flacidez


Utente és tu, percevejo edénico

que deixa opinion makers encaixarem a

star seed no escarcéu da silly season,

permites que pousem como farmacólogos

com fiapos ice de pigmento altruísta

na fala amarrada à cave do próximo

episódio; juventude vincada a contrasenso

escalda, engatilhada mas sem cartuchos

escoa-se em esquecimento homeopático

e as certezas neuroteístas subelevam-se

quando a saudade procurar esferográficas

na braguilha dos iníquos, lesões de flanela,

abordagens para um coma acompanhado

que, pura e dificilmente, sempre existirá

como gargalo esfíngico involuntariável;

alheado, mas repleto de humadróides,

teme as convulsões extraídas pelas termas

de enxofre para capturar a enxaqueca à

qual a masmorra de Pandora lhe afivela

os tornozelos trinchados arbitrariamente.

Navegando pelos cantos da mesma maca,

sem noção das expressões conjecturadas

esperneia-se na piscina de potássio como

salamandra no caldeirão de Obélix, desde

o cigarrinho, passando pelo narguilé, usa

bongos vários, chillum e até vaporizador,

reencarna o decepcionante descaramento do

melting pot onde foi feito refém de plasticina,

como o golem que encaixotou o general-sem-

-medo na fronteira espanhola, baixa a capota

que a próxima sentinela redimir-te-á da culpa

beige que respiras sem engolires nem roubares,

sou só mais outro, que diferença farei? Basta

não visitares videntes tarôt e nunca o encararás

já esquartejado e destilado até ao vaticanús –

digo-me – nem fazes ideia o que a providência

me fez hoje querida; e lá vem a confidência de

covil como assistência anthrax para reparar a

redoma destrinçada e cessar de ruminar sobre

estorvos escusados, escoará todos os rebuliços

e falcatruas até à amistosa guaxini de cara triste

recatada em rímel e renda rasgada ponderando

se seu reportório é um fracasso formidável ou

se será a inépcia do namorado em empolgar-se;

enquanto amianta qual a abordagem para persistir

sem lhe consternar as estribeiras ribombantes,

já sonha ele: com pielas de harmina, chapeleiros,

condecorações honrosas em torneios de magik

thegathering, prostrar-se nos passeios de nudistas

só com um post-it da sua patroa cobrindo-lhe a

esplêndida genitália, red bull dá-te asas pingado

com miligramas de bromazepan, clomipramina,

quarteirões em motim não contendo a violência

resguardada contra todo o paladino a destituir

que se note que trava o som das sinapses como se

fosse Kali ou Shiva; ficou surdo de si sem saber,

movimenta-se parado intrometendo escadotes

como hiperfântico tresloucado chorado pelos

céus sincrónicos do pastoralismo tolteca e costuma

ficar escatológicamente escornando tifóides

à toa com o cacetete da academia da tutora,

porque nutre a desolação que acarreta de ter

sido emulsionado pela anátema do Hezbollah

com a radiação interna de polónio210 e, olhar

agora, as ameias antigas dos navios cargueiros

de viagens fantasiadas como mais que perfeitas,

só que seu rubor intravenoso não passa doutra

furgalha experiência governamental MK-ULTRA,

para contradizer o behaviourismo e convencê-lo

de que é: tanto um leucémico terminal intitulado

de Salmo RushDie, o Gagarin, enzima imigrante

da força policial francesa no Maio de 68, ou um

cantarino de clarim radical ludita vendendo auto-

-corãoDisses na praça Jamâa El-Fna, Marraquexe.



in quimicoterapia 2004

(algures em nenhures deitado a caminhar para onde disserem que estaremos mais inconscientemente completos ou versa-vice)

8 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns ! Cumpriste o objectivo deste blog: passaste para além de Deus ! No mínimo !

Klatuu o embuçado disse...

Caganda poesia, ó Malatesta!

Ana Margarida Esteves disse...

Tens mesmo muitos blogues! Qual deles é autêntico? Como arranjas energia para tantos?

O poema está excelente.

Ana Margarida Esteves disse...

Já agora, vê o filme "The Century of the Self". Está no Youtube. Tem tudo a ver com o que está escrito neste poema.

Quando tiver tempo posto-o aqui.

Abraço,

A

Anónimo disse...

É original, mas é poesia da doença... Valerá a pena ser original ?

Klatuu o embuçado disse...

Menos mal, estava à espera de encontrar uma Caixa repleta de tamagoshis!

E pronto, já se ouvem os clarins da faina... e esperam-me as cabeças.

Anónimo disse...

"klatuu"

dava uma tese sobre cheerleaders cibernéticos mascarados na elefantíse de quem ainda se importa . . .


vai rever o my name is earl mor

Klatuu o embuçado disse...

«Quem ainda se importa», claro: os iluminados como tu, sempre a ser encostados às paredes da latrina em que fizeram trono - pelo «miúdo gótico»!! :)