O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 8 de setembro de 2009

As pátrias têm prazo de validade. Consumi-las para além disso envenena.

9 comentários:

afhahqh disse...

As pátrias não existem.

Rasputine disse...

Nem tu. Por isso estás aqui, no blog das almas penadas. Bardo triste, sem bar.

afhahqh disse...

Nem nada.

Anónimo disse...

As pátrias têm prazo para serem consumidas até para além das ideias de pátria. E para além delas não há veneno que mate?

As pátrias são consumidas pelas pátrias futuras?

A pátria consome-se a prazo?

O desAmor envenena a Pátria?

Não há pátria? Só mátria?

João de Castro Nunes disse...

Quando estiver com pachorra, vos direi, em soneto, camoneando, o que é... a PÁTRIA. Agora... vou dormir, sem antes perguntar: se não existem, porque vos fazem tanta mossa?!... JCN

Luiz Pires dos Reys disse...

Só há pátria do que seja.
(note-se que escrevi "há", não escrevi "existe")
Não sei se a há só dos homens: creio que os deuses também a têm, no que lhes é fonte e origem.

Quanto à "validade".
O valor vale apenas para quem tem algo ou alguém como válido ou valioso para si.
Isso faz o mestre, o ídolo ou a mera referência, a quem os tenha como âncoras de pertença.

Que disso haja princípio e findor de tempo no tempo, mais depende de quem lhos confira - isto, em ambos os sentidos do verbo: aferindo, como verificação e, nisso, dando ou desdando-lhe seja o que for que dar se lhe queira.

Assim como só há Deus para quem O queira Deus e deus para esse que o queira(mas nisso Ele apenas está no como e no quando ele esteja para quem o queira), assim também só há pátria, se a haja, para quem tem nela (nisso que ela é para cada um que a tem por tal) a raiz anteprimeira de todo o suceder pessoal/colectivo.

Isso tem uma alma de povo, e o povo tem rosto de gente - pode é ser gente sem rosto, de caras sem face, ou faces já sem a luz de tal antemanhã.

Quanto ao veneno, enfim, toma cada um o que quer e quanto e como quer: sempre sabemos, de algum mais ou menos misterioso modo, se o nosso viver é autêntico ou envenenado.

Em geral, traímo-nos (bem o sabe cada um, melhor do que ninguém) por tudo o que menos tem âncora no mais derradeiramente primevo e ante-primevo.

Somos, quiçá, alfim realmente apátridas de nós mesmos...

João de Castro Nunes disse...

Não existem pátrias... mas existe... a PÁTRIA! Com hino, bandeira e... tudo! JCN

Anónimo disse...

Voltando à pátria, para quem a toma como o "lugar" onde assentam as raízes da nossa ancestralidade e temporalidade, a pátria país, existe mas não se limita a um hino, uma bandeira, uma pertença.
Por esta última razão se armam de combate e morte os homens que a querem proteger de outros homens. Tomando como existentes tempo e espaço, mundo, portanto,não podem consumir-se, nem podem memo ter prazo de validade. A história e a vivência humanas têm mostrado que a Pátria afectiva e a pátria real, a pátria sonhada e a pátria de fronteiras não coincidem.

Seja a pátria o lugar de origem, esse que existe para lá das pátrias terrenas, num insituado lugar em que nos sentimos mais nus, em que a nossa sombra é do tamanho do homem que nos sonhamos, esse que talvez seja o mais estranho lugar que nos habita.

João de Castro Nunes disse...

Não vou nessa cantiga, ou seja, nesse canto de sereia--- desafinao! JCN