O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 9 de agosto de 2008

O vôo da serpente

(Porque este poema pertence aqui)

Parece-me que não ando a viver,
mas a rastejar num chão que não existe...
porém,
à mínima Luz levantarei vôo.

É a serpente que rasteja,
mas é ela a emplumada,
a que voará.

4 comentários:

Unknown disse...

Esta achei agora e é divinal!...

"Senhores jurados sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto
(...)
Sou uma impudência à mesa posta
de um verso onde o possa escrever
ó subalimentados do sonho!
a poesia é para comer."
Natália Correia

Unknown disse...

Outra pérola da mesma Senhora:

"A semente do filho que em nós amadurece
Trouxe-a no bico a pomba que o seu reino prepara.
Por isso na cidade já ninguém nos conhece
Pois que ambos trazemos esse filho na cara."

Paulo Feitais disse...

"a poesia é para comer"
:)

Unknown disse...

Estes dois últimos versos estou ainda a saboreá-los!

"ó subalimentados do sonho!
a poesia é para comer."

São uma delícia digna de uma mulher portuguesa... poeta açoreana... incómoda como se quer!