O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 15 de agosto de 2008

poema simbolista

Vetustas portas de cristais errantes

Às horas mortas gastas e frias,

Aquecidas pelos membros palpitantes

Das vidas fogosas e vazias,

Vejo em teus braços de oiro cintilantes,

Rubis e brilhos e cores que irradias

Na brancura dos mármores contrastantes

Das velhas portas gastas e frias.

E acendo os incensos dos turíbulos

À tua passagem palpitante

Queimando a roupa fina dos vestíbulos

Entre passos acesos, coruscante,

Asas na dança das aras dos prostíbulos,

Sobre os lívidos mármores, triunfante.