O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 12 de agosto de 2008

O Movimento - Linguagem


"
Cependant, si nous vivons dans, par et à travers le mouvement, c’est le plus souvent sans en être vraiment conscients. Au jour le jour, que représente vraiment le mouvement dans notre vie ?
Dans le meilleur des cas, c’est une source de plaisir : pour les sportifs, des sensations fortes venues de leur muscles ou de leur sang ; pour les artistes, l’acte créateur passant para leur corps en mouvement. Mais même là, le plaisir vient davantage des effets du mouvement que du mouvement lui-même. Quand le mouvement permet de prendre son enfant dans ses bras, de prouver à quelqu’un qu’on l’aime, on est plus attentif au contenu affectif du geste qu’au geste lui-même. Et dans le pire des cas, le mouvement n’est plus qu’un ensemble de gestes volontaires ou automatiques usuels, utilitaires, qui nous servent à marcher, manger, aller travailler, faire des courses… Dans la vie quotidienne, le mouvement n’est plus que le parcours monotone des mêmes allées et venues, sans surprise.
Il faut se rendre à l’évidence : l’attention portée sur la gestuelle n’est pas à la hauteur de son importance fondamentale dans la vie humaine. Le mouvement est utilisé, mais non valorisé ; connu, mais non reconnu ; on en abuse sans jamais l’habiliter. Débordements de sollicitations, pression de la performance, canons de la réussite…, les bonnes raisons ne manquent pas pour expliquer – justifier ? – que l’homme soit coupé d’une partie essentielle de lui même. Mais si l’insensibilité qui en résulte est moins visible qu’un retard moteur ou mental, elle ressemble fort à un véritable handicap, et joue un rôle primordial dans nombre de difficultés physiques et psychologiques.

La recherche de Danis Bois peut se définir comme une action thérapeutique visant á combler l’inconscience majeure qui touche le mouvement : « Quand je parle du corps, je regarde sa gestuelle et la conscience qui l’habite. Malheureusement, le corps est devenu dense et privé d’une certaine forme de conscience. Le mouvement s’est mécanisé, automatisé, et a perdu sa richesse naturelle. Lorsque j’observe le langage gestuel de l’homme non entraîné, il m’apparaît aussi pauvre qu’une langue qui utiliserait en tout et pour tout 500 mots. A force de faire des mouvements sans y prêter la moindre attention, la sensation concrète d’habiter un corps se perd progressivement, et parfois même la conscience de soi, de sa propre identité, finit par vaciller. Le langage verbal s’apprend, le langage du corps s’apprend de la même façon. Le mouvement est une écriture indélébile, un témoignage vivant de ce qu’est la nature humaine dans sa plus grande dimension.»
"


In Le mouvement dans tous ses états- Les recherches de Danis Bois – Eve Berger

10 comentários:

luizaDunas disse...

BonDia,

Anita, estes são alguns dos textos que pensei transcrever par'A Serpente relativamente ao Corpo.

Unknown disse...

pensaste e transcreveste-os com o teu olhar, com os teus dedos, com o teu corpo... :)

Pensar com os dedos, é dos meus modos de pensar favoritos.
O cor-po é que dá cor ao que se pensa. Porque se dirá que os sonhos da noite são a preto e branco?...

Unknown disse...

Agora se entende... porque vivemos num mundo literalmente de homens a preto e branco.

Unknown disse...

Os homens que deixaram de ver as cores nos seus pensamentos abandonaram já o seu corpo, voltaram ao estado de sono.

Unknown disse...

(por viverem como nos sonhos da noite apenas através da mente)

Unknown disse...

Perguntar-se-á... para que se dão eles ao trabalho de se levantarem da cama? :P

Unknown disse...

O luar do sonhos da noite é bonito... mas para quando ver a Luz do Dia?

Anónimo disse...

Luíza,

leio o texto com atenção. Não sei se o quero comentar fazendo gestos mecânicos e usando as mãos automaticamente.

Vê as minha mãos abertas, como se estivesse a meditar. Nesse estar, como tantas vezes me acontece, uma pomba branca, nelas vem poisar. Quando deixo de semi-cerrar os olhos, abro-os e procuro-te dentro da pomba. Solto as duas e abrindo as mãos para o Alto, aceno e mando um beijo. Depois fecho os braços em torno dos ombros e soletro baixinho um poema de Sophia e volto para a ilha do meu meditar.
Tenho saudades tuas.

Unknown disse...

(Terminando apenas... a luz presente na superfície do corpo interioriza-se no sonho da noite, assim como a luz do Sol se interioriza na Lua. Assim, quando o Homem vive pensando apenas com o cérebro, interioriza a sua luz, deixando de viver no coração da terra...)

Paulo Feitais disse...

Caríssima!
Estes teus textos tocam-me fundo. Fazem-me lembrar um tio surdo-mudo, que vou poder abraçar amanhã. :) É um dos meus luzeiros, Luiza. Cresceu numa aldeia, sem acesso as escolas, especializadas ou não. Aprendeu o ofício de sapateiro, eu provenho duma família de Bandarras, mesmo :).
Estar com ele é uma festa. Desenvolveu uma sinalética própria, é o único indivíduo que conheço que co-criou a sua língua materna. E a sua pátria é uma infância plena de inocência e de alegia. Ao pé dele sinto-me pequenino. E temos longuíssimas conversas. Ele fala com o corpo todo, é duma expressividade incrível. Conseguimos comunicar estando distantes um do outro, desde que nos possamos ver. E o que é interessante é que as pessoas que estão à nossa volta não se apercebem das nossas conversas tão cheias de significado.
São conversas de corpo inteiro que nos deixam a alma solta, uma vez que ela, não tendo léxico para se abeirar da fala, tem que tornar-se transparente nos gestos, no olhar, no rosto, na forma exuberante como o que se diz se mostra, sem rodeios ou reservas.
Um beijo!