Para o Platero que tão bem sabe cuidar do seu jardim.
Ensina-me a dormir e a conhecer os caminhos do vento
Tem as asas forradas de ouro velho e chora, o pobre!
Por ter comigo um pacto que dura mais que o tempo.
O Amor que me tem não tem ouvido o sino e a voz
Anda calado o anjo de cobre e rendas de bordar
Em cima da toalha a rosa secou no deserto a sós
A perseguir, mudo, a flor que mesmo seca há-de brotar
Que areias do deserto, ilhas do sul e cumes de montanha
Não sobrevoamos nós, tristes aves em voos de saudade!
Cinzas que a tarde colhe, pó, jornais, pedaços de lenha
Para o fogo que um dia havemos de habitar. Enfim, nós dois,
O anjo e eu, assim desentendidos trocamos receitas e olhares
Para que a névoa teça em fios finos a luz dos seus colares.
4 comentários:
Lindo, Saudades do Futuro!
Gostei muito.
Oh Saudades!
Fico com os olhos a brilhar, com estrelinhas*
Esse teu anjo és mesmo tu!
Acredito que os anjos existem em nossas vidas, sim.
o meu jardim, nem tão bonito nem cuidado quanto eu possa fazer imaginar, é, antes do mais, efémero.
o teu, desde que o conheço é cada vez mais pujante e sugestivo.E mais resistente a picos de calor e ameaças metafóricas de outonos
beijo
Saudades! Há primaveras que nos esmagam.
Que belo o teu poema e o anjo que nele se mostra.
E que bem que o anjo se sentirá no jardim do Platero!
:)
A poesia, sempre a poesia e nada mais que a poesia (que para mim é Tudo, o Tudo, e tudo o mais).
:)
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