Na minha terra, não há terra, há ruas;
mesmo as colinas são de prédios altos
com renda muito mais alta.
Na minha terra, não há árvores nem flores.
As flores, tão escassas, dos jardins mudam ao mês,
e a Câmara tem máquinas especializadas para desenraizar as árvores.
O cântico das aves - não há cânticos,
mas só canários de 3.º andar e papagaios de 5.º
E a música do vento é frio nos pardieiros.
Na minha terra, porém, não há pardieiros,
que são todos na Pérsia ou na China,
ou em países inefáveis.
A minha terra não é inefável.
A minha vida na terra é que é inefável.
Inefável é o que não pode ser dito.
15 comentários:
Terra sem aves, não existe!
"Inefável é o que não pode ser dito"...
Nem pode ser lugar algum.
Na minha terra levantam-se as manhãs no bico dos pássaros e as árvores ajeitam os ramos para abrigar do frio os pássaro tontos.
Um sorriso (friorento) para os dois.
Brrrrrrrr!!!!
Ai sinhôres, que geadouro!
Uma dica :)
Há terras onde os pássaros
entram nas gaiolas vazias...
Uma constatação...
Não ligaram peva à imagem, bolas!:)
Um abraço, para quebrar o frio deste frio sem gelo! Geada negra!
"A minha vida na terra é que é inefável" - diz o Sena.
Que diga, que eu digo também.
Eu – que não sou nem afável nem inefável, e padeço de certa meteorite que almas de mais susceptível "faustio" não apreciam lá muito – eu, eu digo com as filosofais tinturas do Sena:
Aqui, na minha terra,"não há cânticos, mas só canários de 3.º andar e papagaios de 5.º".
"Em países inefáveis" como este, orquestras de câmara autárquicas e desgovernos não muito pré-socráticos "têm máquinas especializadas para desenraizar[em] árvores" humanas. Mas não têm máquinas que desenraízem a “música do vento”.
Há-de mudar a câmara aqui, acolá e acoli - talvez ardente, ou nem tanto. E hão-de mudar aqueles que nos "mudam os jardins ao mês".
"Na minha terra, não há terra" pois tudo é inefável.
E "inefável é o que não pode ser dito".
Diz-se na mesma:
Na minha terra, há árvores, flores aves e jardins onde eu quiser.
Onde eu bem quiser!!
______
P.S.
A imagem também não me ligou pevide, R.
Estamos quites!
(Salve, irmão do gelo! Abraço aqui do Pestinha!!)
Pois percebo, irmão gelado, o que aqui tão bem acabaste de explanar, e vejo-me obrigado a decalar-me das tuas pisadas.
Pego na tua interpretação? - não. É livre, tal como livre é a imagem que pevide não vale. Aí está a minha interpretação do poema.
O Eu, sim o Eu, o eu de olhos postos na pintura, só, nada mais.
Porque os olhos só vêem aquilo que querem ver, e o mesmo se passa com as palavras.
Qaundo folheias e lês um livro acredita que dele apenas retiras o que mais é esclarecido, e o mais que por dentro ilumina, ou obscurece, tanto dá; porque apenas se religam apenas as pérolas, já cascas se fecham pela lombada.
É isto que é mais gritante, quando se lê um livro com poemas lá dentro.
Agora, uma outra coisa é também certa; não é que este poema é o espelho da minha terra? Há coisas do diabo, seja lá o que for isso que por anteposição seja... sei lá.
Processos critativos, falemos disso, falemos do que não é para falar, com isso é que se aprende.
Aqui, neste cantinho, agora que ninguém nos ouve, posso agora falar do inefável...
Anos devotos passados à criação resumiram-se a esparsos e singelos momentos onde o tema abordado era falar do motivo, da faísca que leva ou induz a coisa alguma. Disso, tenho saudades, porque foram tão poucos que o tempo nem trabalho tem para os deletar. O tempo... inimigo fidagal da memória... O tempo... os dias, os meses, os anos... pim.
Acaso explícito se possa fazer notar, desabafo-me no frio, porque quentes se gelam as lágrimas... entrego-vo-lo-as, são nácar cristalino.
PS - saudades em ver-te por cá, irmão gelado. Serás sempre um vislumbre, um acaso corte passageiro traçado no céu em fino recorte luminoso, a menos que te quedes, por cá, por esta outra Terra, sólida como os astros, para que assim meteorito possas deixar que te admirem e comtemplem, tal como uma criança, na palma da sua mão.
(erro ao enviar... verificação de palavras, 'prensos')
Eu vou, meu irmão, e não fico... ando a adiá-lo, pois que na verdade nada há que nos prenda, a menos que seja uma inefável ou invisível prisão para os sentidos.
Voltarei amanhã
Abraços, destes braços.
Recebi esse abraço, aqueceu(me) em lume. Mas não me toldou o olhar.
Pássaros amarelos de "paraísos artificiais" de atmosferas da terra inefável. De ruas, de casas, de fábricas... De tudo encaixotadinho para empacotar a Natureza e os pássaros que esqueceram o voo dentro de gaiolas vazias.
Os prédios que "fecham a vista à chave" não deixam ver, dos "canários" e dos "papagaios", outra coisa que o aprisionado olhar. Ainda que em grades deploráveis de sermos inefáveis...
Somos "canários" não por vivermos em "pardieiros" (des)construídos, mas por faltar à alma o sentido de ouvir o vento e os pássaros, na gaiola vazia.
As máquinas do des(governo) não destroem a Saudade dos cânticos de que tenhamos memória inefável... As árvores sobrevivem-nos.
Inefáveis seremos nós na Terra. Inefável, evidentemente, porque não pode ser dita.
Falemos da imagem... brrr! Tremem(me) as mãos na névoa ocre com que colores o inefável ar, os inefáveis telhados e tudo o que, por não pode ser dito, mas olha-nos em imagens...
O "Poeta da montanha" olha de cima dos telhados a inefável vizinhança das coisas... É artifício a arte, a imagem e as palavras, pertencem à categoria dos "pardieiros" da alma, inefável, ela mesma, e vazia...
P.S. Grande coisa para nada dizer! O inefável é onde o pássaro da imagem se fixou.
Há pássaros e há tudo: bruma amarela e geada negra, sem neve...
Abracinho, outro e, já agora, Sena não é "cena", embora (te) acene não do Sena, mas da Terra, porque quero.
P.S.2 Os meteritos são um espectáculo tão belo quanto o cume de uma montanha gelada. Ao cair na neve são "luz arrefecida".
Sorriso, Rui.
Prezada Dona Saudadite,
Deixando aqui os bons dias a rê-mê-fês e demais bichanos, sou a dizer que os "meterites" ficaram contentes. Por ter Vossa Obséquia gostado do ... "espéctáculo" - se bem que nem eu nem eles saibamos a que se refere.
Ficam, na mesma, as "saudadações" desta vossa insolência.
P.S.
Hoje gostei mais da imagem, caro r(ê)m(ê)f(ê) dos cubos de gelo!
Tem mais peva!
Pronto... con-ge-lou!
Ia oferecer-lhe um (com)gelado agora no Natal...
Assim fica sem efeito.
Só a mim é que ninguém me congela.
Bolas!
P.S
Mas, diga-me. É bom ficar congelado, minha boa Amiga?
Qual é assim a... sensação??!
Fico em pulgas para saber.
(Enquanto espero, vou pôr belos dois cubos de gelo no meu nariz, para ver se me melhora a diabinha da sinusite)
Uma bi-nota:
Fiquei
1. tremelicado de dúvidas, em se seja vossa eborosidade ou vossa prima afastidade que sofra de tal achaque agudo. Que maçada! Mas, se uma sofre do agudo, a outra deve certamente sofrer do grave. Para dar afino de acorde.
Fiquei
2. derrubado de gratidão com tal minúcia na explicação do que seja aquilo de congelar-se. Se bem que eu acho menos bem "com"-gelar-se do que "co"-gelar-se. Sempre se gela mais acompanhado. Mesmo que seja à distância dum blóguio.
Risada: entre o canário e o papagaio, do Sena.
por força do infortúnio, ausentei-me... é que isto não anda nada bem, sobretudo até para despender de verba, entenda-se pilim, para a comunicação por esta via, já que disse que voltaria no dia seguinte. volto agora só mesmo para vos endereçar um abraço e desejar-vos bom natal.
Não consegui ler, obviamente, os comentários apagados, dá-me ideia que faziam parte de um diálogo, que espero ter sido positivo.
à Anaedera, existe sim. minha boa amiga. Uma saudação especial aos habitantes desse planeta.
bem-hajam
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