O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O sol bate nas pedreiras como o aniz em teu rosto orvalhado. a densidade cósmica quando tocas os lábios na toalha da tarde adia a greve. imagina o que seria da tempestade sem obstáculos para derrubar. ou corações sem bocas-de-incêndio. como o vinho azeda também as pernas perdem os seus jeitos náuticos. as aves perdem a permissão de repousar nas linhas telefónicas. a cal para sempre nos bidões. o mar sempre mais além. a literatura resumida a uma estante de sonetos vazios. não olhemos as marés como sequestros. as árvores que sonhamos darão um dia ameixas pelos beirais

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