O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Em todos os rumos
os ventos no levantar da tempestade
a cada passo no deserto
a consagração à mais íntima e funda quietude.

8 comentários:

Luiz Pires dos Reys disse...

(Antes que aqui venha aquela senhora "alentejana" pôr a costumada prosápia de rebéubéu-pardais-natal...)

Leio-te, Luiza:

Arrumem-se os rumos: todos. Venha a intempérie que nos rume o levante dos ventos. Consagrados de desertos, a cada passo, iremos em alegria, no que nos aquieta o fundo em flor.



(O agradecimento irmão de sempre, com um sorriso de agora)

platero disse...

lindo

Bom Natal, Beijinho

aproveito o espaço para endereçar semelhante voto ao comentador (ista?)
anterior. Sem o adereço do beijinho, claro

Anónimo disse...

Querida Luisa

Sorrio(te).

Anónimo disse...

Nota:

Lamento profundamente a insolência e a falta de respeito dos apartes aqui deixados por MeTheOros. Alguém por quem tive sempre muita consideração e estima.

Pela minha parte, estamos conversados. Não mais pronunciarei uma palavra sequer que seja dirigida directa ou indirectamente a essa pessoa.

Paulo Borges disse...

Que essa quietude aquiete as mentes inquietas!

Um beijo

Luiz Pires dos Reys disse...

Como já estava a tardar, a senhora do costume continua com a falta de sentido de humor do costume.
E com o costume da falta de sentido.
E com aquele desumor do sentido da falta.

Mas sobretudo acusa, mais uma vez, falta de espelho. Não o de fora, dos que há em casa ou nas malas das senhoras, mas o de dentro: aquele que nos vê de dentro para fora, como uma lâmina que nos repassa as entranhas e rasga os tiques mumificados. Esse mesmo para que dói olhar, quando lá nos vemos.

E depois, bem, depois fala-se e até se cita Rilke, de cor e com a boca cheia de mimos e trejeitos llansolinos: sabe tão bem!
Mas... sabe-se lá o que disto eles, Rilke e Maria Gabriela não passaram ...!!?
E o António Maria Lisboa?!!
E o ...?

Cansa-me engolir de novo os vómitos da língua viperina para enumerar aqui as polidinhas deidades coisificadas do costume, de que apenas se vê o bonitinho e o resultado. Mas é.

É. Mas, fazer caminho de horror que eles fizeram, 'tá quieto!

Quem tem, por aqui, mais "prosápia de rebéubéu-pardais" do que eu?

Quem se "detesta" nisto mais do que eu?

Quem a si mesmo insulta nisto mais do que eu a mim mesmo?

Quem é perfeitamente indiferente a si mesmo, nisto, mais do que eu?

Mas Isto (lamento, não há volta a dar) não é um campeonato de figurinhas de presépio com Maria e José com pézinhos quentes de anjo trôpego.

É a Vida: fria e crua! E bela, por isso. Mas a Vida (a verdadeira, não a imaginada ou ficcionada) não se compadece com bijutarias como amofinos ou amuos: está-se nas tintas para essas miudezas e meneios de cabeça e rodriguinhos de estilo.

A colecção dos amofinos e amuos, entretanto, começa a ser infinda. Não tarda, dá para preencher um álbum de cromos, e acho que até sobra.

O mais feiudo lá, claro, sou eu. O mais lindinho, cada um descubra quem será...

O que complica a coisa e o terminar o raio da colecção é que os opostos, os extremos e o diacho dos contrários têm a infeliz "mania" de se tocarem e desaparecerem quando se olha para eles melhor.

Pois. É a coisa do espelho. Embaciado, ou não - conforme esteja(mos).

Que chatice!
E logo a chatice é igual, aquém e além Tejo...! Não está certo - dizem apressadas as almas boazinhas e os meninos de coro dos jardins das catedrais em ruínas!

Mas, como diz, entretanto, sublimemente a Luiza (e é isso que aqui importa):

"a cada passo no deserto
a consagração",
[...]
"os ventos no levantar da tempestade"
[...]
“EM TODOS OS RUMOS”
[maiúsculas minhas]

Em todos!!!
Os rumos!!!

E rumo, rumo é também (e, quem sabe, se não sobretudo) o ir perdido.

Rumo é não ter rumo.
Rumo é des-a-rumar(-se).

Ao que parece, não serviu de nada a fieira de onomatopeias de falas de animais ontem aqui algures deixada por alguém agora aqui muito a propósito.

E, no entanto, somos isso: algaraviada sem sentido. Por isso fazemos tanto sentido uns para os outros.

Andamos perdidos. Óptimo!

Mas alguém que o reconheça é logo fuzilado com os olhos da boa consciência das alminhas de livro das horas na mão!

Que di-stância da "consagração à mais íntima e funda quietude"!

E, porém, estamos encharcados dela...

"Dá-me os óculos!" - ouço mais uma vez dizer.

(Nunca mais aprendemos! Euuuu, em primeiro!)

luizaDunas disse...

Um bom dia a todos vós, grata pela vossa preciosíssima e abençoada companhia.

luizaDunas disse...

Belo, belo TheO! meu Irmão.
"Encharcados de quietude", de insuperável quietude.