O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

em setembro
desaba no sol o deserto
os frutos são sinos a rebate
há grande alvoroço no coração dos homens que entardecem
e se recolhem nos campos
e em rosário juntam as contas
que cada um é conto dos montes que vão guardando

4 comentários:

Paulo Borges disse...

Imenso poema, que ressoa no coração a rebate.

Paulo Borges disse...

Setembro setembra.

platero disse...

frutos - sinos a rebate -
nem apetece colher
para manter concerto

beijinho

Anónimo disse...

Luíza, deixa-me seguir, aqui, a tua voz, deixa-me correr nessa fonte:

Em setembro
Quem sabe se deserto/
Os frutos são o rebate dos sinos/
Os homens entardecidos alvoroçam o espaço/
Recolhem em rosário os campos/
Contas do que é dado aos céus
Que vão guardando os montes//