O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A dignidade das árvores

As árvores são seres extraordinários: nascem, vivem e morrem de pé.
Contudo, muitas há que tombam apunhaladas à traição pela moto-serra, derrubadas pela fúria das intempéries, ou simplesmente mutiladas e sacrificadas em nome dos mais extravagantes caprichos humanos. Mas as que conseguem sobreviver a todas estas adversidades, mesmo quando já estão doentes ou fragilizadas pelo tempo, permanecem de pé até ao derradeiro instante do seu ciclo de vida

 E mesmo depois de já terem perdido há muito tempo toda a força vital, de ramos secos e nus, mantêm intacta a sua ancestral dignidade. É assim que eu, quando um dia o meu tempo também chegar ao fim, gostava de morrer: de pé, como as árvores.

Montemor-o-Novo, Julho 2010

2 comentários:

platero disse...

não pense em morrer
-nem de pé nem deitada

senhora não passa ainda
de um chaparro

Isabel Metello disse...

Também comungo dessa opinião- Essa Dignidade das Árvores É Sublime!