O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 19 de setembro de 2010

A chave

Hoje, enquanto esperava que me duplicassem uma chave, ouvi, no transístor do artífice, o "e depois do adeus"... e aguardei, em silêncio, o suficiente para escutar o que parecia ser a parte final da música que, juntamente com o ruído do disco, ia desgastando a pouco e pouco a peça no esmeril.
Paguei 1 euro pela cópia, e dei boa tarde.
Depois desse adeus, muito pouco tempo depois, acabei por voltar ao mestre duplicador com uma reclamação...
- Boa tarde, mais uma vez - e sorri. A chave duplicada não funciona. Entra, roda, mas depois encrava.
- Não há azar! - disse entusiasticamente. Às vezes acontece, não tem problema, fazemos outra cópia! Quer dizer... - disse, meio atrapalhado... Fazíamos... é que já não tenho mais chaves destas. Peço-lhe desculpa, aqui tem o seu euro.
- E agora? - disse para mim, surpreso, novamente com 1 euro na mão. Acontece (pensei eu). E foi isto o que aconteceu.

1 comentário:

almasdepalha disse...

Depois do adeus... há o costume de mudar as fechaduras!