O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 11 de setembro de 2010

As viagens são múltiplas,


Os caminhos diversos.

Os do Ser, os do não-Ser,

Os do Nada, os de qualquer

Coisa presente, existente…

Ou, simplesmente, imaginada.



A metamorfose e a mudança

Comandam o Mundo.

E o Ser não permanece mais

Na sua imutabilidade originária.



As sombras, as aparências,

Os sonhos, as ilusões…

Ofuscam o olhar

Dos que querem ver a essência,

O miolo sedoso de um pão bolorento

Que pode conter o Tudo.



A Identidade perde-se.

Somos o mesmo rebanho.

Corremos na mesma direcção

E já nada identificamos com

A precisão adequada.



A amalgama do mundo

Corre nas nossas veias!

E o resto? Puros reflexos

De espelhos vazios!



Isabel Rosete

Sem comentários: