O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

"The true lover finds the light only if he is his own fuel and like a candle consumes himself"

- Attar

8 comentários:

Anónimo disse...

É bem verdade, meu querido Amigo!

Um abraço e bom ano, Paulo!

João de Castro Nunes disse...

Em atenção à "saudadesdofuturo", prescindo do meu corrosivo comentário... de serviço- JCN

Anónimo disse...

João de Castro Nunes,

Não se acanhe... Certamente não me irá afectar... pois que o considero... one "true lover"...
Não me enganarei...

Um sorriso maroto, JCN!

João de Castro Nunes disse...

Disso... pode estar certa! Como certa pode estar de que lhe desejo as maiores venturas no Novo Ano prestes a chegar. JCN

João de Castro Nunes disse...

"THE TRUE LOVER"

(Em honra de "saudadesdofuturo", que mesmo escrevendo em prosa atinge os cimos da verdadeira Poesia rival do som dos violinos e da musicalidade das estrelas, uma Poesia que, contrastada, possui o toque do ouro-de-lei)

O verdadeiro amante é a criatura
que em pró do ser amado se desprende
da sua própria essência e contextura
como acontece à vela que se acende.

O verdadeiro amante é todo aquele
que se si próprio morre a cada instante
e à vida retornando veste a pele
do ser amado em mutação constante.

Quem ama é como o azeite depurado
que alimenta o pavio da candeia
e nele se consome e se incendeia.

Quem ama de verdade renuncia
à própria vida e por analogia
no ser amado vive incorporado!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Paulo Borges disse...

Um belo soneto. O Amor sempre inspira.

João de Castro Nunes disse...

No sexto verso, corrijo "se" que é gralha por "de". Peço vénia. JCN

Anónimo disse...

Este poema, JCN! É de antologia! É divinal e é "ouro-de-lei"... Inspirado no Amor, como refere o Paulo, contrastando-se poesia e prosa, transforme-se o "amador na coisa amada"...

Muito belo, JCN!

P.S.1 O que dirá a Fausta disto??

Bom ano e bons sonetos!
Este não foi à máquina, este saiu de dentro do molde de ouro do pensamento...

P.S.2 Já pensou em dispensar a velha máquina, em prol da profundidade do... genuino talento de poeta?

Assinado: Saudades