O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Refundar a Vida

Portugal, ou é tido como uma espécie de "Cristo planetário" que tem de morrer, enquanto nação e país, para que o que o seu sentido de ser ou "missão" se cumpra, ou é uma espécie de adiar de cadáver que já nenhum abutre pega, para tentar chupar os ossos até ao tutano, ainda que seco.

Entre uma coisa e a outra está o quotidiano, seja dos que cá vivem ou vivem como sendo de cá, onde quer que estejam.

Ora é o quotidiano que precisa de ser refundado (é nesse que reside o pântano que nos sentimos), e refundado nos seus alicerces - que são as pessoas e o sentido da sua vida -, e não na abstracção das intenções (por boas ou excelentes que sejam), vindo do geral para o particular.

É das pessoas, da sua autencicidade uni-multíplice, da crueza e verdade da sua vida, dos seus problemas, que podem, que poderão brotar as sementes férteis duma mutação radical e perdurante.

Damien

3 comentários:

Kunzang Dorje disse...

Damien,
sentirei falta do fogo que constantemente lançava sobre nós e, particularmente, sobre mim. Nunca me esquecerei a primeira vez que me incendiou. Vim eu despejar as minhas convicções num comentário vão que, após o efeito furioso da sua espada aprendi que qualquer verdade alicerçada por convicções está seriamente sujeita a desabar. A vida é amarga e há que vivenciar toda a sua crueza para morrermos e refundarmos-nos, não em alicerces de areia mas sim em nada.
Eu sei que voltará... Até lá, (ini)migo!

Paulo Borges disse...

É bom ver que alguém consegue apreciar quem o ataca e o efeito purificador do ataque... É cada vez mais raro e faz muita falta nesta vanidade chamada blogues.

Paulo Borges disse...

E belo e sábio texto, o de Damien.