O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

"De quem é o olhar / que espreita por meus olhos? // Quando penso que vejo, / Quem continua vendo / Enquanto estou pensando?"

- Fernando Pessoa, "Episódios / A Múmia"

Quem ou o que em ti julga ler, leitor?

17 comentários:

baal disse...

ninguém lê em nós, nem o outro, porque não somos. somos um fluxo, um caminho ainda não perceptível. precisamos de não-ser para criar e de voltar a não-ser para crer.

parabéns à serpente (que não é, mas que volta sempre a ser).

platero disse...

quando penso, enquanto leio,
é o que está escrito que me lê a mim

abraço

Semente disse...

atrevi-me a vir comentar este post de que gostei muito. Mas, quando cheguei, vi o comentário do amigo Platero que faz todo o sentido.
E, assim sendo... deixo só abraços aos dois*

João de Castro Nunes disse...

Enquanto leio não penso,
enquanto penso não leio:
mas que grande contra-senso
que até parece paleio!

JCN

platero disse...

proposta de alternativa ao meu comentário
:
quando leio
e penso
é o que está escrito
que me vai lendo

João de Castro Nunes disse...

Vossemecê, ó senhor BAAL, com os seus trocadilhos... até parece o juiz de Barrelas com as suas famosas sentenças! Olhe lá: se a sepente "não é", como é que pode "voltar a ser"... o que nunca foi?!... Há que ir ao bruxo da Moura Morta... para deslindar esta embrulhada. JCN

João de Castro Nunes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
baal disse...

não se é porque ser é sair deixando de ser, mas é sempre preciso retornar voltando a ser, mas um ser diferente.
conclusão, jcn (apreende)
nunca se é senão um devir.

platero disse...

caro JCN

não me desagradaria ter escrito a sua quadra
Mas saiba que não gosto que me tratem mal

um abraço

João de Castro Nunes disse...

Meu caro Platero: reciprocamente! JCN

João de Castro Nunes disse...

Está-se sempre... a apre(e)nder, meu caro senhor BAAL. JCN

João de Castro Nunes disse...

Caro Platero: voltando ao tema das quadras, devo dizer-lhe que nunca esteve no meu espírito tratá-lo com menos consideração, antes pelo contrário: a retoma, ao meu jeito, da matéria das suas originalíssimas quadras, longe de constituir um intenção de superação ou ridicularização, apenas traduziu o interesse que elas me despertaram, em contraste com a indiferença habitual dos comentaristas do blog. Apenas isto e tão-só. Não foi o caso do "canibal". De qualquer forma... não voltarei a pronunciar-me, muito embora continue a lê-las e apreciá-las. Não sou de ressentimentos. E muito menos de invejosas reacções, atirando pedras... às rosas de eleição. Tenha um bom Natal! JCN

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João de Castro Nunes disse...

Boa, senhor Pan! Essa. é muito boa! Simplesmente... "pan(demónica)"! JCN

baal disse...

a mente é binária? ó pan faz um 'bocadinho' de esquizo-análise, e já agora pensa nos pensamentos que sonhaste para além do bem e do mal.
nada é binário, optas e isso é tudo.

Anónimo disse...

De quem é o olhar?

Um olhar meu, para vós!

artretas disse...

Belos olhares por aqui