domingo, 27 de dezembro de 2009
Sampaio Bruno (1857-1915)
Nós vivemos num mundo, onde se parte do Mal, da fealdade, do erro. O pecado original é de Deus, não do homem. Existência é dor, padecimento. Estado normal é doença.
A Saudade é o movimento em que tudo participa para uma reabsorção em Deus. A partir de uma diferenciação inicial, há sempre desejo de regresso. A vontade de viver destina-se ao regresso à consciência pura, à unidade primordial.
Adepto de um vegetarianismo que pudesse até poupar as plantas - alimentação química. Não matar para viver. As alterações psico-fisiológicas trariam um Super-Homem no futuro.
O Homem está no mundo para procurar a evolução de si e de todas as coisas. A alma embora não se possa conhecer plenamente, sempre se pode ir conhecendo mais um pouco.
Crítico de todas as ideias antropocêntricas, não vê a Humanidade como o fim último da criação.
in, Sampaio Bruno, A Ideia de Deus (1902).
cf., Paulo Borges, Filosofia em Portugal (apontamentos).
A Saudade é o movimento em que tudo participa para uma reabsorção em Deus. A partir de uma diferenciação inicial, há sempre desejo de regresso. A vontade de viver destina-se ao regresso à consciência pura, à unidade primordial.
Adepto de um vegetarianismo que pudesse até poupar as plantas - alimentação química. Não matar para viver. As alterações psico-fisiológicas trariam um Super-Homem no futuro.
O Homem está no mundo para procurar a evolução de si e de todas as coisas. A alma embora não se possa conhecer plenamente, sempre se pode ir conhecendo mais um pouco.
Crítico de todas as ideias antropocêntricas, não vê a Humanidade como o fim último da criação.
in, Sampaio Bruno, A Ideia de Deus (1902).
cf., Paulo Borges, Filosofia em Portugal (apontamentos).
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8 comentários:
O caso citado do vegetarianismo - o sofrimento das plantas.
É perfeitamente admissível que, para sensibilidades mais apuradas, colher uma couve para o bacalhau da consoada seja equivalente a embebedar o peru para de seguida o degolar sem que ele se aperceba muito da situação, não entre em stress - como eufemisticamente se diria de entrar em pânico, em terror, e tornar a carne de tal ordem dura que seja na prática difícil cozinhá-la.(ia a escrever culiná-la)
Já o mesmo não acontece por exemplo com a opípara lagosta suada - que só o é mesmo se a vítima for sacrificada (metida em água a ferver)no auge da sua vitalidade biológica.
Voltemos à couve, julgo que portuguesa, da consoada:
cortá-la cerce pelo caule não será então tão diferente de degolá-la. E arrancar-lhe as folhas uma-a-uma - como que uma amputação. É certo que não morrem por isso. Mas sofrem. Como a LAGARTIXA A QUE SE AMPUTA A CAUDA, também a couve tem capacidade de se regenerar.
Como, de quê, viver então? dos animais- nem pensar; dos vegetais, pensando bem, a mesma coisa. Então?
os ovos das aves, por exemplo, implicarão algum sacrifício ao produtor que não seja uma certa restrição - aparentemente salutar -
à sua incontrolada reprodução?
O leite dos mamíferos: Leite; iogurtes, queijos; soro - na mesma linha de raciocínio
O mesmo poderá aplicar-se, em relação aos vegetais, quando falamos de sementes: o trigo, o milho, o grão, o feijão, a soja, o arroz - são fins de ciclo de certas espécies vegetais. Comer o pão - de trigo; de centeio; de milho - beber a cerveja; de cevada, o uisque, de trigo -não implica qualquer sacrifício fisiológico vegetal.
Um bife de soja, o leite de soja, todas as variedades de feijão, as favas, as ervilhas - fontes todas de valores proteicos capazes de alimentar o mais exigente corpo de atleta -não implicam surpreender o ciclo vegetativo destas espécies. Já não existe a planta quando nos apropriamos dos seus frutos
E os frutos? colhermos frutos e nos alimentarmos deles provocarão algum dano às plantas produtoras? As nozes, as bolotas, avelãs, alfarrobas - frutos secos - indiscutivelmente não.
e os outros?: os figos, as bananas?
-guardaremos para próximo comentário
no caso das alterações fisiológicas, a de maior vulto se registaria sem dúvida na dentição:
os caninos teriam tendência a desaparecer, dada a perda de funcionalidade - por ausência de consumo de carne
Em compensação, os molares teriam tendência a reforçar-se.
Outras alterações fisiológicas, a nível dos membros, por exemplo, não seriam muito previsíveis, já que desde a domesticação dos animais se teriam processado - embora de pequena monta - todas
Será que o homem terá
futuramente, amanhã,
de restringir a comida,
por não ter outra saída,
à castanha e à bolota
ou marmelo de compota?!
Será que o homem de então
passa a ter outra feição?
O que vale ao ser humano
é que tais suposições
são tão-só lucubrações
de um poeta transtagano!
Seja, porém, como for,
eu por mim, se Deus quiser,
tais coisas não conto ver
nem enbarcar nesse andor!
JCN
Caro JCN
O tal Super-Homem de Sampaio Bruno
não e um predador - não precisa de se alimentar de vida. A Natureza é pródiga a ponto de lhe fornecer tudo o que precisa sob a forma de vida adormecida: as sementes e os frutos, e os próprios produtos animais. Veja-se como exemplo o Mel. E o leite - com toda uma infindável panóplia de produtos derivados.
Os seus heptassílabos a propósito é que não desmerecem a sua obra mais tida como clássica
abraço, um bom 20-10
Teoricamente assim será, meu caro Poeta Platero; mas na prática... quem vai prescindir de um bom bife à Brasileira ou de umas saborosas trutas à laia de Aquilino: "Quem não tem paladar... não tem carácter"? O resto... são cantigas. JCN
É muito delicada a questão da alimentação. Provavelmente, o princípio de vida de que mais directamente depende a conduta de vida humana.
A cultura portuguesa, por exemplo, tem raízes que se perdem nos tempos e tudo vai assentando, largamente, num determinado tipo de alimentação. E tal como a cultura portuguesa, toda a civilização ocidental e, por aí fora, embora não se possa generalizar a toda a humanidade.
Transformar um hábito alimentar com séculos e séculos, por exemplo, num regime vegetariano, produz tantas transformações a nível pessoal (físico e mental), familiar, social, cultural, que não vemos como aconselhar uma ruptura súbita com as profundas raízes que carregamos em comum com os nossos conterrâneos.
Nascemos num determinado lugar e a ele estamos ligados por natureza e cultura. E, desta forma, se caracteriza largamente a existência humana no planeta azul.
Mas dizer que as coisas têm sido sempre assim, não significa dizer que, assim, terão de ser eternamente. Existem variadas razões (económicas, ecológicas, éticas, religiosas), como sabemos, que justificam a adopção de um regime alimentar que possa sair fora do tradicional. Desde logo, por questões de saúde como ouvimos alguns especialistas incansavelmente repetirem. Até porque o tradicional é um saco muito grande, onde cabe muita coisa distinta.
Neste sentido, para começar, vemos como desejável um regime alimentar que, pelo menos, tenda a uma redução significativa do consumo de carne animal. Podemos utilizar várias estratégias, como sejam, deixar de comer carne animal ao pequeno almoço e ao lanche, ou consumi-la só uma vez por dia, ou deixar de o fazer um dia por semana...
Quem sabe gostemos da experiência e, assim, tendamos a uma mudança mais radical do que por tradição e inércia temos assumido.
Luis Santos
grato pelas palavras
Como já disse atrás, fui levado pelo entusiasmo do filósofo que preconizava a chegada do tal Super-Homem.
E depois comecei a descobrir coisas
abraço, bom 2010
Caro Platero
A gratidão é recíproca.
É bom descobrir coisas e partilhar.
Abraço Grande,
Bom Ano.
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