O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O Materismo Idealista, de Antero de Quental

A Filosofia é eterna, tal como o pensamento humano. Uma potência infinita e um acto limitado.

Divino e real ao mesmo tempo, o Universo manifesta a si próprio a sua essência prodigiosa, desde as forças elementares e puramente mecânicas, ao instinto que sonha, à inteligência que observa e compara, à razão que ordena, ao sentimento que fecunda, até à contemplação e virtude dos sábios e santos.

O acesso à libertação é atingido por um esforço de santificação. Do investimento que cada homem individual fizer depende a sua evolução. O animal evolui necessariamente, mas o homem pode regredir.

A união da alma com Deus é, simplesmente, a chegada do eu à sua plena realização.

in, Antero de Quental, As Tendências Gerais da Filosofia na 2ª metade do século XIX. Cf. Paulo Borges, Filosofia em Portugal I (apontamentos de aulas).

1 comentário:

João de Castro Nunes disse...

Recordar... o evidente. Quem contesta Antero?!... JCN