sexta-feira, 11 de setembro de 2009
"Quem quer verdadeiramente filosofar..."
"Quem quer verdadeiramente filosofar deve ser livre de (los sein) toda a esperança, de todo o desejo (Verlangens), de toda a saudade (Sehnsucht); nada deve querer, nada saber, sentir-se totalmente nu e pobre e tudo entregar para tudo ganhar"
- Schelling, Werke, ed. M. Schröter, V, 12.
- Schelling, Werke, ed. M. Schröter, V, 12.
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3 comentários:
Cada vez mais impossível num mundo cada vez mais ligado?
Talvez confundamos, demasiado amiúde, filosofar com escrever livros de filosofia ou simplesmente ensinar a pensar.
(Disso sabe bem demais e nisso sofre, imagino, Paulo Borges e todo o docente consciencioso (e que se queria lúcido e honesto) duma filosofia hoje enclausurada viva na masmorra labiríntica do ensino (fixamente quantificado) que temos, ou não temos.)
Creio que filosofar é sobretudo o tender - na corda bamba, e sem rede, da ousadia de pensar como se ninguém o tivera feito antes - e tender para um viver, tanto quanto possível, despojado de todo o virtual ou mesmo virtuoso apego.
Só assim, nada esperando, nada desejando, de nada saudoso, nada querendo, nada sabendo, desnudando-se de si até, em pobreza de todo o mais subtil ter, possuir ou poder e, assim, tudo entregar e, nisso, tudo afinal encontrar.
O nada aqui, suponho, será a tenção para a simplicidade em tudo, uma espécie de fransciscanismo sem sentimentalidade mas com emoção, inteligente mas destituído de intelectualidade - como se Francisco houvesse nascido e vivido não em Itália, mas no Japão.
O filósofo terminará, assim, sábio; e o sábio findará criança.
A criança, essa, "livre (isenta)de toda a esperança", jamais amadurecerá "adulto", e para sempre será fruto da mais bela flor, porque flor será em todos os sentidos do dar fruto.
(Que belo, este Schelling, meu caro Paulo.)
Damien, reconheço-me plenamente em tudo que dizes, menos no que de mim dizes...
Há que retomar este sentido do filosofar.
Abraço
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