quarta-feira, 9 de setembro de 2009
O Mestre
Professor é alguém que ajuda os outros a aprender; Mestre é, sobretudo, aquele que ajuda os outros a "desaprender": a desaprender conceitos errados de vida, de verdade, de sabedoria, de Amor... Conceitos que vamos sedimentando e alimentando ao longo dos anos e que, por isso mesmo, passaram a constituir verdades inquestionáveis.
José Flórido, Reencontrar Agostinho da Silva, Zéfiro
José Flórido, Reencontrar Agostinho da Silva, Zéfiro
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9 comentários:
Desaprender para reaprender a viver. Abraço Kunzang, és sábio!
eu não... limito-me a desaprender com os mestres...
abraço
desaprender o que significa?
desligamento da cultura que nos é transmitida logo à nascença?
e/ou olhar desprendido, em termos de posse material/física dos fenómenos?
No meu conceito e nos árduos domínios da pedagogia, MESTRE é o PROFESSOR que, em vez de ALUNOS, tem DISCÍPULOS que prepara com vista a serem futuros MESTRES. numa cadeia ininterrupta de transmissão de uma certa maneira de assumir a SABEDORIA, em complemento ou superação do SABER propriamente dito. Certo ou errado?... JCN
O que, parece-me, está aqui em questão é a subtil, mas muito importante, diferença entre "ensinar a aprender" (que faz, ou deve fazer, o professor) e o mostrar como "aprender a aprender" (que é o que faz o mestre).
Por se confundir, baralhar e, assim, menosprezar tal fundamental diferença é que temos um ensino (a palavra diz tudo) baseado no que haja de ensinar o professor e não no que possa aprender o aluno.
Depois, dá o que dá: nem o professor ensina realmente, nem o aluno aprende verdadeiramente...
P.S.
O ajudar, ou não ajudar, a aprender ou a ensinar é, parece-me, de somenos: libertemos a educação do ajudismo e do facilitismo.
A facilidade só nos devolve o fácil de encontrar que a preguiça em procurar logra achar.
Interessantíssimo debate! Vejo verdade em tudo o que dizem. E o que terá para dizer o Paulo Feitais?
O MESTRE não ensina o que vem nos livros; ensina-se a si mesmo, arvorando-se em padrão! JCN
O Paulo feitais chegou atrasado...;)
Penso que a mestria, neste sentido, se partilha no espaço-tempo da aula. Nada como umas turmas irrequietas para nos fazerem lá deixar a pele, e muitas coisas mais que só nos pesam.
Não troco por nada deste mundo estas horas de antecipação em que, com o ano lectivo aí a arrebentar e de horário na mão, tentamos adivinhar como serão as turmas, como reagirão os alunos ao primeiro encontro, como iremos, todos, entender-nos e desentender-nos ao longo do ano.
E depois há coisas tramadas: quando estive internado tive a grata surpresa de descobrir que uma das enfermeiras tinha sido minha aluna. Notei o seu nervosismo a espetar-me a agulha do soro, depois de nos termos reconhecido. Estávamos ambos a desaprender a velha relação que se cristalizara na nossa mente. Não sei se ela se apercebeu da morte do seu professor de filosofia do 11º ano, uma morte natural que ocorre no fim de cada ano lectivo. Eu apercebi-me que os alunos depressa desaprendem de o ser. E o que fica não são as matérias leccionadas e assimiladas, mas o encontro que isso ocasiona.
:)
O Professor actua nas salas de aula; o Mestre para além delas, pela vida fora. O Professor enriquece os conhecimentos dos respectivos alunos; o Mestre marca as suas personalidades. Indelevelmente! O Mestre, mais que ensinar, procura despertar nos seus discípulos o gosto pela aprendizagem, por forma a serem próprios os mestres de si mesmos. Não é tarefa fácil. Não vem nos compêndios. É um dom natural. Que se cultiva, obviamente; mas que resulta primordialmente de um carismático poder de sedução e persuasão em t3ermos de docência. O aluno aprende; o discípulo... segue-nos. É o fiel depositário do nosso legado mental. É quem nos continua e, eventualmente, nos supera. Com isso... nos regozijamos. Como um pai vê prosperar um filho. JCN
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