O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 8 de setembro de 2009

fulguração



O belo não é belo

Em si é mais que isso que se vê

Fundura grácil em lava e fome

Florescida sem nome ou lei

Fácil é esquecer o que não se esquece

O coração cadinho de espadas por cumprir

A têmpera do desassossego

Rubra exaltação do inferno

De que o autêntico paraíso é feito

Para lá do que se tem

As estrelas todas largadas no firmamento

Mais recente na noite a arder

Fogo-de-artifício da festa de não ser

Quimera ou aparição

Não se espera do que somos

Mais que o que fulgura

Na brevidade dos começos

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