O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

A vida constitui-se nesse eterno perder

Tudo o que possuímos ou damos como adquirido desaparece para sempre da nossa visão num abrir e fechar de olhos. A vida constitui-se nesse eterno perder, no qual tentamos frustradamente a todo o custo agarrar o que é impossível de ser agarrado. Vivemos saudosos do que fomos e do que imaginámos ser... em suma, numa grande e universal tristeza, por tão implacável cisão. Talvez seja possível vencê-la, pensando-a, talvez qualquer acto mais não seja que um acto de desespero. Fica aqui a referência aos dois caminhos.

4 comentários:

Ai e Tal... disse...

O Homem é, por Natureza, insatisfeito... E aí está a sua beleza, o seu explendor... A busca incessante por algo melhor, a tentativa de atingir mais além, e sempre mais além...

***MUAH***

Anónimo disse...

Só me constituo num eterno perder para aqueles que pretendem fazer de mim um eterno ganhar. Quem sentirá que perde o que nunca procurou ou supôs agarrar ?...

Anónimo disse...

Temos o que damos, o que guardamos é o que perdemos!

afhahqh disse...

A vida: tens razão, mas penso que, habitualmente, por mim falo, tentamos agarrar o que se não pode agarrar, fazer o que se não pode fazer, querer o que se não pode querer e, por isso, a vida acaba por ser uma experiência frustrante. Não sou pessimista ao ponto de pensar que a vida é sempre frustrante, porque há momentos em que experimentamos o amor, o belo, o sublime, a paz, o infinito, ou mesmo o prazer mais animalesco.