O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 19 de fevereiro de 2008


4 comentários:

Anónimo disse...

O casal mal se toca
Mas o espaço que está entre eles
Vibra mais do que um violino.
Apenas um dedo a roçar outro dedo...
Não se sente a pressão
Mas o mundo inteiro foi tocado.

Interessante imagem!

Anónimo disse...

"Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio. / Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos / Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. / (Enlacemos as mãos.)"

Anónimo disse...

«O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,»
(...)

Anónimo disse...

De facto, agora a vida ao teu lado, Ricardo, é um sossego! Este rio imenso onde o sol se deita já é tudo e nem mesmo precisamos nele mergulhar. Com Nietzsche e o seu fascínio pelos cumes da vida, as estrelas bailarinas arrancadas ao caos com os violinos de Dionísio a darem o mote, a vida era um continuo sobressalto no fio da navalha embora a paz quando surgia, parecia ainda mais imponente e a luz mais resplandecente. Mas depois de tudo e por um erro de calculo, caí como Ícaro dos cumes, no chão duro da realidade. Agora não tenho asas mas vivo feliz com os pés no chão e o desenrolar morno dos dias, à luz de um amor possível que me alumia. Estas águas levaram as ilusões da juventude, mas os insectos continuam neste vasto mundo fora a morrer na noite, fascinados pela luz dos faróis dos automóveis que passam. Também eles sabem que a noite é o seio da luz mais pura e cristalina, mas quase sempre ficam esmagados por a imensa sede que os precipita.