O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Mensagem privada a um Luar que se diz Azul

Um pouco mais de Azul e eu seria Luar!

Querido Luar Azul.

Queria agradecer-te o lindo comentário que escreveste na minha carta de amor (que só hoje reparei) mas apesar de descobrir tudo sobre ti na internet não descobri o teu e-mail.

Um abraço da

Bruxa da Ortografia (e formas verbais complicadas, Ana Moreira!)

1 comentário:

Luar Azul disse...

Minha Querida, ter-me-ias descoberto num grão de areia, se olhasses com atenção, pois é assim, minúsculo, que sou!

Eu sou aquele que nem sequer posso renunciar à minha pátria, à minha língua ao meu nome. pois não tenho pátria, a língua não revela os meus sonhos nem o meu nome indica quem sou.

Fala melhor de mim o grão de areia.

Não sei, não percebo nada de flores, gosto de árvores, mas também não lhes conheço os nomes dados pelas pessoas. Conheço os seus nomes indizíveis, mas esses são secretos e mesmo que deles falasse nunca os conseguiria pronunciar em sílabas humanas. Gosto das searas, gosto de malmequeres, gosto de tirar fotografias a muitas flores, como se isso embelezasse a minha máquina ou o uso que lhe dou. mas na verdade a máquina permanece fria e morta, cheia de silicone, e a flor eternamente sorrindo fora dela, ausente e etérea...

Não, é o grão de areia que melhor fala de mim. Olha para um atentamente e quando o compreenderes bem então fala comigo e eu ouvir-te-ei e falaremos então do mesmo céu e do mesmo mar, ainda que de planetas diferentes, alimentados por diferentes sóis, num céu com as mesmas infinitas estrelas...

deste teu grão de areia,

luarazulinho(at)gmail(dot)com