O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Ao fim da tarde

Um copo solitário ao fim da tarde, inspirando o que se passa à minha volta, pensando não sei em quê, talvez esvaziando a cabeça, sim, esvaziando-a, relaxando, apenas sentindo o movimento e a imobilidade, a vida e a morte num só, esperando sentado pelas luzes que alumiam a escuridão, que invisível perpassa o dia, em trémulas ondas de universalidade imaginada, rebentando nas costas da ilusão.

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