O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

A palavra (II)

A palavra trabalha o silêncio.
É evasiva lapidação.
Ela concebe a própria imanência,
o ímpeto com que se firma
na claridade inflectida.

2 comentários:

Isabel Santiago disse...

"Onde estás, Luz jovem! que sempre me acordavas
À hora da manhã, onde estás tu, ó Luz?
(...)
Luz!Luz! por sobre as nuvens que se precipitam! Sê
bem vinda! Os meus olhos florescem para ti!
(...)
Oh! aproximai-vos, que eu reparta convosco a alegria,
Ó vós todos, que vos abençoe o que de novo vê!
Oh! tirai-me a vida, que eu a suporte,
Tirai-me do peito este dom divino!"

O Holderlin que lhe vai bater um dia destes à porta, tocar as mãos e como um milagre falar consigo e para si, aedo cego como todos. Mas com palavra e na palavra.

João Moita disse...

Assim o espero. Espero por Holderlin e por Rilke e por todos os poetas que lhe falam e a fazem falar tão alto e dentro do mistério.