O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

soneto da morte

a morte não é a minha parte
do medo também não quero saber
tem outros que admiram esta arte
mas eu somente quero viver

sabendo que a vida é um instante
no grande uno que chamo o ser
e eu sou um mero viajante
que não tem direito e não tem saber

não tenho medo porque não tenho nada
nem vida nem morte na minha mala
e enquanto viajo não escuto a fala

um labirinto, isto é a minha estrada
quem grita de medo melhor se cala
e trata a vida como a última amada

2 comentários:

Paulo Borges disse...

Saudações e parabéns Dirk ! Um alemão que assim escreve sonetos em Português !...

Ana Margarida Esteves disse...

É realmente um belo e profundo soneto. É uma honra para a língua Portuguesa que um alemão demonstre tal amor por ela ao ponto de a presentear com sonetos assim.