O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Anuncio ao mundo a minha guerra
As minhas palavras de ponta e mola
O meu sangue que não é sangue nem é coisa nenhuma
Os meus poemas imperfeitos mais que imperfeitos
A música que não passou por boca alguma

Anuncio aos céus que saio daqui sem algemas
Que o ridículo aqui sou eu
A abrir portas
A fechar portas
A abrir e a fechar portas
Roubar aos mortos o que a vida nos roubou
Para no fim dizer a cantar e a sangrar
Com as mesmas águas que me fizeram nascer
Que as minhas lágrimas têm direitos reservados
E que nenhum Deus breve (ou tonto)
Pense fazer chuva com elas!

2 comentários:

Luiz Pires dos Reys disse...

Isto deve ser um excerto da próxima encíclica do papa, não será?

Depois de um papa peregrino, que gostava de jeans e de ganga, temos um papa "poetino", que tem sapatinhos de marca à capuchinho vermelho e usa rendinhas por tudo quanto é lado.

A primeira metade de todos os versículos é mais teo-lógica; a segunda, em regra, é mais ... teo-cómica.

Abraço, Flávio!
(Don't blame me this!)
Gostei.

platero disse...

se MeTheOrUs gostou

qual poderia ser a minha sensação?
Gosto, claro

abraço