O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Grávida do mais profundo silêncio,
Ainda escuto a tua voz, meu Amor,
De um timbre inigualável,
De abalos momentâneos,
De imediatos entusiasmos de impulsividade,
De um querer que, assim que é,
Deixa logo de o ser.

Em mim reina o mais efémero
De todos os efémeros sentimentos,
De uma vontade in-constante.

Suave, leve, encantatório,
Por instantes,
Levas-me, pela tua mão,
Meu amor de agora,
Para os intricados labirintos
Do Amor
Onde nada se aquieta.

É o círculo do prazer e da ausência,
Também da felicidade e da solidão,
Que sempre se ergue,
Continuadamente,
Numa comunhão descontinua
De encontros e des-encontros orgásticos,
Que a alma inquieta
E o corpo excita, incita...
À mais plena união.

Isabel Rosete, 07/04/2008

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