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…Nada te detém,
É a noite no teu corpo…
A noite terrível no teu corpo.
Nada te detém
…
A noite sem forma e sem corpo,
Nada te detém,
nem os montes, nem a aurora,
nem o mar.
Nada te detém,
E te projectas,
Nos redutos da noite
(nem a noite)
.…
Nada te detém
…
Vim para te revelar!
Carlos Nejar, A idade da noite
6 comentários:
Os meus dedinhos são parecidos com os do passaroco.
A penúria da língua é a sua força.
Reconhecendo nela a indigência
mais o apuro se empolga
e a submissão empolga a subtileza
do espírito, dado à obra
e a mais nada que não seja ela.
De aí que se desenvolva
uma abertura hiante de surpresa
que pede língua cada vez mais nova
e de mais adequada obediência.
Ou, se quiserem, língua peremptória.
Porque, se vinda do fundo da pobreza,
entrega apenas quanto falta. E torna
a sua falta uma abertura imensa,
indigitando o extremamente fora,
cuja ausência feliz se nos entrega.
Elevo as minhas mãos até à tua poesia.
Tens mais?
Deste género? Sobre o tema? Sim.
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Vai-se o júbilo abrindo, vesperal,
a outro, pressentido, que se estende
E há-de cumprir o ímpeto que traz
de ultrapassar-se inexoravelmente.
As fronteiras, por ora, apontam mais
do que limitam. A atenção assente
àquilo que, por dentro, a impele a andar
por um fundo sentido a resolver-se
a cada passo. E feliz se vai
explicitando, interior, até que
as fronteiras só sejam sinal
de um júbilo a chegar. Aberto sempre.
Achas que o anónimo vai entender?
Não tenho a certeza. Acho-o um bocado retrógrado.
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