O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 1 de maio de 2010

A vida é uma narrativa onde a única regra cumprida é que ela acaba. Não importa se a vírgula está desajustada, sequer interessa se o conteúdo é pobre. A vida acaba mesmo que o texto seja criança ou velho. A vida acaba em cada oração impressa. A vida acaba no fim do soneto. A vida acaba em cada rima perdida.

A vida reaparece no teu traço eterno antes que eu te leia o poema.

Doce sem medo a vida diz que é hora de atravessar o espaço, de finalizar o texto, de rimar com fim.

FIM

Deixo o passado adivinhar o gesto enquanto perco a memória do que fui quando parti de ti.

ah ! A vida agora sem verso acaba no FIM.

olha o desenho! lembras de ti outrora, presa no A4? Sem mãos à espera do milagre da ressurreição.
olha o desenho! lembras da dor que te invadiu o compasso e sequer um círculo soubeste cumprir?

esquece enquanto recordas.


a vida acabou.


já foste embora.

ADEUS

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