O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 25 de maio de 2010

Não se compreende os lugares afastados da casa. o sítio onde deixámos os chinelos e o miolo do pão. as silvas que nascem e cobrem janelas. sem poesia. dedos que riscam janelas de ténue olhar. despeja gavetas como se ninhos violasse. existir não é verbo reciclável - basta perguntar a uma pedra. fechou-se bem fechada a espaços náuticos incompreendidos. sacos de plásticos em vez da roupa de domingo. anda pela casa amarela. tocando-se nua. à mulher bateu-lhe sol no ventre. muito sol. colocou-se em posição fetal e pariu um filho silencioso. o sol virou costas ao baptismo e partiu

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